Antigo refeitório da Casa Hipólito encheu para ouvir os Capitão Fausto.
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A última Sexta-Feira reunia todas as condições para uma noite que prometia ser memorável. O renovado espaço do antigo refeitório da Casa Hipólito, em Torres Vedras, recebeu os Capitão Fausto naquele que foi o primeiro concerto dinamizado pelo colectivo Margem. “Somos uma banda de rock de Lisboa.” É simples e objectiva a forma como Salvador Seabra, baterista do grupo, descreve a formação que veio ao Oeste apresentar o novo álbum Capitão Fausto Têm os Dias Contados.

“Estamos muito contentes. Uma pessoa quando faz um disco nunca sabe muito bem o que a espera e acho que, para nós, tem corrido muito bem” explica ao Torres Vedras Web ainda antes do arranque do concerto. Depois de Gazela, em 2011, e Pesar o Sol, em 2014 (o melhor disco português do ano segundo a Blitz), os cinco jovens apresentam um trabalho que simboliza uma nova fase, tal como se fosse um mergulho na vida adulta. “A nossa maneira de fazer as coisas mantém-se muito igual. A maior diferença é que, assim que lançámos o disco, decidimos que íamos fazer isto a tempo inteiro.”

A zona de concertos deste primeiro espaço “ocupado” pelo Margem convive, despudoradamente, com uma galeria de exposições. Um espaço urbano, original e fora da caixa – no fundo, à margem – que se forma através de diversos andaimes. Foi aqui, com a ilustração de Cató ILUDE como pano de fundo, que conversámos com Salvador Seabra sobre o actual momento da banda, mas também sobre a maneira como olham para o futuro. “Falamos muito uns com os outros sobre isso, sobre o que vamos fazer daqui para a frente. Mas nunca se sabe o que nos espera.” No entanto, confessa que, na sua perspectiva, ainda “é cedo. Gosto mais de ir fazendo as coisas à medida que vão acontecendo.”

Os Capitão Fausto vieram a Torres Vedras. E não têm dúvidas. "Sermos fiéis àquilo de que gostamos é das coisas mais importantes"
A ilustração de Cató ILUDE deu corpo à exposição inaugural da galeria do Margem. Foto: Rita Alves dos Santos

Depois da faculdade, os jovens lisboetas decidiram que “no fundo, queremos fazer vida disto.” O que, parecendo simples, Salvador explica que acarreta (algumas) responsabilidades. “Agora temos de tentar olhar para isto de uma forma um bocadinho mais séria. Mas não muito séria ainda” ressalva. Tomás Wallenstein, Francisco Ferreira, Manuel Palha e Domingos Coimbra compõem, com Salvador Seabra, a formação, dividindo-se entre voz, baixo, guitarra e teclas. “As salas têm estado sempre cheias e as coisas têm corrido muito bem, o disco tem tido uma boa adesão” contam. De facto, torna-se quase impossível ficar indiferente ao rock deste novo álbum que, além do sucesso junto do público, também recolhe rasgados elogios da crítica.

“Nos concertos vemos as pessoas a cantar as músicas, e isso para nós é óptimo. Estamos muito felizes.” E em Torres Vedras não podia ter sido de outra maneira: houve casa cheia com mais de 200 pessoas a cantar e vibrar ao som dos Capitão Fausto. “É sempre bom as pessoas dizerem bem do que nós andamos a fazer” confessa Salvador, de sorriso no rosto perante o actual momento da formação.

“Trabalhar nunca me fez bem nenhum, mas é melhor que ver o tempo a passar…” É assim que arranca Morro na Praia, o segundo single de Capitão Fausto Têm os Dias Contados. “É uma música de que gosto muito no novo disco” atira o baterista que, se tivesse de escolher uma música da banda que integra, não tem dúvidas de que seria do novo álbum. Até porque, como admite entre risos, os outros “já os ouvi demasiadas vezes.”

Os Capitão Fausto vieram a Torres Vedras. E não têm dúvidas. "Sermos fiéis àquilo de que gostamos é das coisas mais importantes"
O Margem teve casa cheia para receber os Capitão Fausto na noite da última Sexta-Feira. Foto: Tiago Pombal

“A nossa relação com a música resume-se a tentarmos fazer música de que nós gostamos. Sempre que fazemos música é para nós, nunca pensamos se as pessoas vão gostar ou não” atira o músico. E percebe-se que assim é pelo modo como fala, pela forma como estão em palco e, claro, pela própria música que fazem. “Estamos confortáveis, é música que podemos defender. Mesmo se a crítica não gostasse, estaríamos confortáveis com isso porque nós gostávamos do disco, conseguíamos defendê-lo e justificar porque o fizemos.”

Gostar daquilo que se faz pode ser a chave para o sucesso? “Não sei, mas tem-nos corrido bem.” Com os pés bem assentes no chão, olha-se com pragmatismo para o presente. “Somos uma banda com relativo sucesso nesta altura.” Certo é que no próximo Sábado, 28, sobem a um dos palcos do Rock in Rio Lisboa.  E se a música diz “adio mais um dia perceber que aos 26 não posso mais empatar…”, a banda já olha para o futuro com uma certeza em cima da mesa. “Essa coisa de nos mantermos sempre fiéis àquilo de que gostamos é das coisas mais importantes para nós.”

“O máximo objectivo é fazermos isto durante muitos anos, continuarmos a fazer a música de que gostamos e de que as pessoas também gostam” resume Salvador. Porque, conclui, “o melhor é quando nós estamos a fazer uma coisa de que, de facto, gostamos e que depois as pessoas também vão ouvir, gostar e consumir.” Rumamos aos camarins, porque ainda há tempo para uma fotografia. No palco, tudo pronto para que os Capitão Fausto se agarrem às guitarras para a primeira de várias noites que prometem fazer a diferença no panorama cultural torriense.

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