
O 3º Congresso de Gestão de Pessoas e Ciências Empresariais da Região Oeste decorre, durante este Sábado, nas instalações do CAERO, em Torres Vedras. A manhã contou com a realização dos primeiros workshops, palestras e debates que se centraram no tema desta edição: a mudança na gestão de pessoas e organizações. “O Oeste tem um grande potencial” defende António Esteveira, docente da licenciatura em Gestão de Recursos Humanos do Instituto Superior Politécnico do Oeste (ISPO), que organiza o encontro.
“É uma região que está numa confluência, do ponto de vista geográfico, muito interessante” explica. “Uma empresa que se localize aqui, quer pelo efeito da A1 quer pelo da A8, cruzado com o efeito da A15, tem acesso rápido aos principais mercados nacionais.” Algarve, Espanha e, posteriormente, os restantes países da Europa, parecem estar na rota de quem escolhe esta região para se instalar. António Esteveira lembra que “somos o primeiro cluster agro-industrial do país” e não deixa esquecer as dificuldades na dinamização de outra área “bastante atractiva”: o turismo.
“Why, How and What if – ferramentas de suporte aos recursos humanos para a criação e gestão da cultura de inovação nas organizações” foi o workshop moderado por António Esteveira, que contou com a presença de Américo Mateus, da Innokinetics. “Correu muito bem. É um painel muito interessante sobre inovação e criatividade, que numa economia estagnada é aquilo que as empresas têm para criar mais-valia, abrir mercados e produzir novos produtos.” À teoria que foi alvo de discussão, juntaram-se ainda ferramentas “muito importantes e oportunas.” Mas Esteveira lembra que “tudo isto depende do investimento, que neste momento continua estagnado. Quer o interno, por falta de capitalização das nossas empresas, quer o externo por falta de alguma estabilidade nos mercados internacionais.”
Um retrato dos RH no Oeste
A terceira edição do Congresso de Gestão de Pessoas e Ciências Empresariais, organizado pelo ISPO, parece assumir uma importância cada vez mais central na região. “Um Congresso como este é importante porque não há muitas coisas deste género em Torres Vedras. Já vai na terceira edição e tem acumulado sucessos uns atrás dos outros.” O programa em torno da mudança de paradigma no sector dos recursos humanos durante os últimos anos cativou trabalhadores, estudantes e investigadores, com mais de 100 pessoas a participarem nas primeiras actividades do dia. “Esta temática da inovação foi bem escolhida até porque, como disse há pouco no painel onde estive, é pela inovação que temos de lá ir. É muito importante que se realizem estes eventos no concelho, sobretudo com drivers torreenses.”
Olhando para os recursos humanos da região Oeste, António Esteveira não deixa de apontar algumas gaps. “Do ponto de vista da qualificação, ainda temos problemas na conclusão do ensino secundário, além de que temos poucos técnicos intermédios qualificados.” Em contrapartida, lembra, “já temos uma percentagem de licenciados razoável, mas não sei se em áreas que o mercado procura.” É que, na opinião do académico, “não vale a pena estar a formar muita gente se não houver investimento, sendo certo que o contrário também é verdade: o investimento, quando procura uma zona atractiva, um dos critérios para o qual olha é para a qualidade e para as skills disponíveis nessa região.” Apontadas as lacunas, Esteveira não deixa de sublinhar. “O concelho de Torres e o Oeste em geral têm vindo a evoluir. E a evolução tem sido sistematicamente positiva.”