
É um dos humoristas que tem estado no centro das atenções do grande público. De forma natural e descontraída conquista miúdos e graúdos que fazem fila para conseguir um beijinho e uma selfie. E, claro, reúne as gargalhadas de quem o ouve. António Raminhos voltou este Sexta-Feira a Santa Cruz, onde actuou há três anos, desta vez para apresentar as Praias Olímpicas. “É uma espécie de ginásio para quem faz televisão” diz sobre o programa da RTP. “Aceitei o desafio porque sinto sempre um abismo em aceitar desafios que não é suposto fazer, como isto ou o Dança com as Estrelas… Coisas que eu nunca fiz e penso ‘olha vou experimentar!'”
E aliar o humor à apresentação não parece ser tarefa fácil. “Fazer três horas ou quatro em directo sem rede, com problemas técnicos e pessoas a falar no ouvido que de repente deixamos de ouvir e não sabemos o que temos de fazer a seguir… Quem faz isto, faz tudo” explica, no final de uma manhã em que o programa invadiu a Praia Centro. “Foi como eu, que uma vez actuei em Rabo de Peixe. Quem actua em Rabo de Peixe actua em qualquer lado. E aqui é a mesma coisa” remata.
“Basicamente o que me pediram, e que é um bocadinho aquilo que faço sempre, foi que eu fizesse as coisas sendo eu mesmo. Assim torna-se mais fácil.” Se a praia de Raminhos passa pela stand-up comedy – e pelos vídeos com as filhas, que se tornam virais nas redes sociais -, a verdade é que o humorista se tem vindo a destacar no pequeno ecrã. “O meu registo é um bocadinho diferente dos outros apresentadores que fazem os programas da manhã. Não quer dizer que seja melhor ou pior, é diferente” explica. “O objectivo não é fazer piadas, não é fazer um espectáculo de comédia, mas tentar ser mais bem disposto, brincar e divertir-me com as pessoas.”
Ser genuíno e fiel a si próprio parece ser a chave de António Raminhos, que falou com o Torres Vedras Web com a Praia Centro como pano fundo (e com o seu típico microclima…). “Ando à procura da aprovação do mundo” diz, explicando que “às vezes é tramado.” Porquê? “Quando estou a fazer as coisas não tenho muita noção se está a correr bem ou não, porque estou muito centrado…”
Certo é que soma e segue projectos de sucesso, sempre sem deixar de ser o que sempre foi. “Vejo muitos humoristas e colegas de que tenho inveja, das coisas que fazem ou das piadas que têm. Mas depois tenho de me lembrar do meu percurso” justifica. “Comecei isto sendo eu mesmo, portanto é isso que tenho de manter. Se as pessoas gostam de mim pelas parvoíces que eu faço ou digo no dia-a-dia, não posso mudar só para agradar a pessoas que podem não gostar de mim.”

Rir para lidar com a vida
“Acho que as pessoas se levam muito a sério. Muitas vezes estou num funeral e sou capaz de estar a pensar porcaria, tal como muitas pessoas. Só que a diferença é que elas ficam caladas e eu digo.” O que muitos parecem não compreender, o humorista desconstrói facilmente. “É a maneira de nós lidarmos com as situações, e eu lido com a vida nesse sentido. Estou sempre a pensar em parvoíce mesmo em situações que são chatas.” E desengane-se quem pensa que o registo a que nos habituamos fica apenas no palco ou no estúdio. “É assim aqui ou noutro registo, seja no palco, seja fora dele. Funciona sempre assim.”
O horizonte de António Raminhos conta com novos projectos, dentro e fora do ecrã, que prometem arrancar nos últimos meses do ano. “As Marias” é o espectáculo que vai continuar na estrada até ao final do ano. E com a chegada de mais um rebento, chega também a altura de começar a “preparar outro espectáculo das Marias com outros vídeos e outras piadas.” Entre risos, Raminhos é igual a si próprio. “Eu só faço filhos para fazer espectáculos, mais nada.” Entre os palcos, a televisão e o Youtube, parece não haver dúvidas. “Acho que vai haver trabalho pela frente” conta, antes da conversa terminar. E não podia terminar de melhor maneira: “Santa Cruz é altamente.”