Artigo de Opinião - António Esteveira
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DAS COISAS QUE ME IRRITAM – II – Menos chinfrim, e mais resultados s.f.f.

1. Já aqui referi ontem o confrangedor que foi ouvir no Expresso da Meia Noite na SICN Duarte Cordeiro, Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, e responsável pelo gabinete de crise, anunciado há um mês, mas parece que constituído há apenas uma semana, para o combate ao covid 19 na AML. Desfez-se em justificações da treta, sem qualquer interesse operacional no combate à pandemia na AML, e quanto a estratégia e acção, apresentou pouco mais que zero. Não pode. Exige-se mais, muito mais. Também disse que em contraste, a intervenção de Bernardino Soares, presidente da CM de Loures, presente no mesmo programa foi uma lição de como fazer com a maior parte dos meios da própria câmara e com as articulações possíveis com os outros municípios e o poder central. Mas mesmo assim é curto. Os resultados tardam em aparecer.

2. A epidemia é dinâmica, pelo que o risco vem dos novos casos. Por isso se utilizam as médias móveis de 7 ou 14 dias. Não é por acaso que um dos sinais vermelhos de que se falou era 500 novos casos diários (linha vermelha para (“reconfinar”), e ontem estivemos à beira disso com 413.

3. Nós sabemos onde estão os problemas, só não temos mostrado capacidade técnica e alguma coragem política para os resolver. Não é preciso tirar um curso, basta ver como os outros países estão a lidar com surtos recentes. A Merkel, por exemplo, tem de articular com os Lander, mas a prática é: há um surto, ataca-se o surto local e imediatamente, confinando-se o que houver a confinar, nem que seja um bairro apenas como Renânia do Norte-Vestfália. Ainda hoje foram confinados 2 prédios em Berlim, repito dois prédios, porque era aí que residia o foco. Na Espanha a Catalunha acabou de confinar uma província. Hoje na Galiza tomou-se a decisão de confinar uma área de 70.000 habitantes na província de Lugo. Na Austrália monitoriza-se e age-se por estados, se necessário por cidades, se necessário por bairros, se necessário por praias.

4. Em Portugal, sobretudo na AML, quem testa positivo não podem estar 3 ou 4 dias sem saber o resultado. Tem de ser em 6 a 12 horas. E tem de se encontrar solução para os filhos, se os tiver, para comer todos os dias. O tracing de contactos deve ser feito de imediato. Não uns dias depois. E a todos os contactos. Não a metade do agregado familiar. E testar todos os contactos que estiveram com o infectado. E isolá-los. E mais uma vez arranjar soluções para o dever de confinamento, se for o caso. O tracing não pode parar ao fim de semana. O vírus não faz fins de semana no estrangeiro e não tira férias. Falta pessoal técnico? Acredito. E há quantos meses desconfiámos? Não era previsível que fosse necessário esse reforço? Falta planeamento e coordenação. É por demais evidente. E quem não tem capacidade para estar à frente deve ser substituído, porque quando as coisas correm bem, até eu sou capaz de coordenar.

5. Na AML toda a gente sabe o que há a confinar. Quais são os concelhos, os bairros, se for necessário, os prédios. Mas não se pode porque é discriminatório, e deixa-se andar, e quem vier atrás que feche a porta. Não pode! Assim não vamos lá.

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