Os bancos portugueses não vão voltar a financiar no futuro créditos à habitação a 100%, afirmaram hoje em Torres Vedras vários diretores de instituições bancárias.
“Os bancos não vão aumentar as taxas de financiamento até 100% como acontecia antes, porque se isso acontecesse seria uma irresponsabilidade”, foi a posição tomada por Miguel Costa (BPI), Carlos Vintém (UCI), Vítor Peixoto (Novo Banco) e António Ribeiro (Santander) durante a convenção da rede imobiliária KW Portugal, que decorre até sexta-feira numa unidade hoteleira do concelho de Torres Vedras.
Aqueles responsáveis para as áreas do imobiliário foram unânimes em afirmar que os “clientes [do crédito à habitação] vão ter de ter mais capitais próprios” para conseguirem ver os seus créditos aprovados.
A perspetiva dos bancos vai no sentido de aumentar os níveis de segurança na concessão de créditos e reduzir assim os níveis de crédito mal parado.
Com as taxas de juro no negativo a atingirem “níveis históricos” e prevendo-se ainda descidas até 2017, os responsáveis dos bancos defenderam que “há condições” para apostarem na concessão de crédito à habitação a taxas fixas, uma solução que nos países do norte da Europa atinge 80% dos clientes, ao contrário do que acontece em Portugal, onde se opta antes pelas taxas variáveis.
Com o consumo privado a crescer 2,6% de 2013 para 2015 e com o aumento da confiança devido ao abrandamento da crise, o setor da construção deu, pela primeira vez, sinais de recuperação em 2015 e o crédito à habitação disparou no ano passado, de acordo com dados divulgados durante o encontro.
Os dados indicam ainda que a taxa de portugueses com casa própria caiu na última década e inverteu a tendência crescente que tinha (75,7% em 2001 e 73,2% em 2011), o número de alojamentos vagos aumentou de 10,8% em 2001 para 12,5% em 2011 e a construção de novos fogos tem vindo a baixar desde 2001.
Por outro lado, os edifícios habitacionais estão mais envelhecidos, mas em 2011 estavam menos degradados do que em 2001.
Portugal é o 35º país do mundo a receber mais turistas e baixa para 26º em termos das receitas deixadas pelos turistas.
Estes indicadores levam, assim, os bancos e o setor imobiliário a apostar nos mercados da habitação para não residentes e na recuperação de habitação.