Bitcoin: a moeda digital que está a desafiar o dinheiro tradicional
Fonte: Jornal de Notícias
A encabeçar a lista está a bitcoin. E a expectativa de que venha a ter a mesma função que o dinheiro tradicional tem provocado uma corrida à moeda. O preço multiplicou-se por mais de dez vezes no último ano e tem batido sucessivos recordes.
Esta divisa virtual vale mais de metade do mercado de criptomoedas, que tem tido um crescimento galopante. Há 12 meses, valia 14 mil milhões de dólares. Atualmente tem uma dimensão de cerca de 320 mil milhões de dólares, com novas moedas digitais a aparecerem a um ritmo quase diário. Estas moedas valem já mais que a economia portuguesa.
Mas do lado dos bancos centrais e de algumas das maiores instituições financeiras, multiplicam-se os avisos. O vice-presidente do BCE, Vítor Constâncio, disse em setembro que a bitcoin não era uma moeda, mas sim um instrumento de especulação. E o presidente do JPMorgan, um dos maiores bancos do Mundo, foi ainda mais direto. “Quem for suficientemente estúpido para comprar, acabará por pagar o preço”, disse Jamie Dimon, citado pela imprensa americana. Também Joseph Stiglitz, Prémio Nobel da Economia, defendeu que a bitcoin devia ser banida, porque não tem valor e é um foco de evasão fiscal.
Mas apesar das críticas, os bancos centrais, os responsáveis pelo dinheiro tradicional, tentam responder aos desafios colocados pelas moedas virtuais. Um dos responsáveis do BCE, Yves Mersch, disse, citado pela Reuters, que os bancos devem proporcionar transferências de dinheiro instantâneas, para “dar uma narrativa alternativa ao debate público sobre as alegadas inovações trazidas pelas moedas virtuais”.
O que é
A bitcoin é uma moeda digital que permite transferir dinheiro ou fazer pagamentos de uma forma instantânea e barata para qualquer ponto do Mundo e que não é controlada pelos bancos centrais ou por entidades governamentais.
Origem
Foi lançada em 2008 e tem um número finito de unidades que podem ser criadas. Cada transação é validada por processadores informáticos de utilizadores, que são recompensados com novas bitcoins.
Os supervisores financeiros têm feito sucessivos alertas sobre os perigos das moedas virtuais, como a bitcoin. O Banco de Portugal publicou nos últimos anos avisos a explicar que “as moedas virtuais não são seguras. As entidades que emitem e comercializam “moedas virtuais” não são reguladas nem supervisionadas por qualquer autoridade do sistema financeiro, nacional ou europeia.
Caso o investimento em moedas virtuais resulte em perdas, não existem fundos que possam fazer face a esses prejuízos. E o Banco de Portugal alerta também que não há garantias de que as moedas virtuais sejam aceites para as compras de bens e serviços.
No passado, houve casos de ataques informáticos a carteiras de moedas virtuais que resultaram em perdas totais para os investidores. Houve também sites fraudulentos que prometiam este serviço, mas desapareceram, levando com eles as moedas digitais que tinham guardadas.
As moedas digitais como as bitcoin têm uma elevada volatilidade no preço. Na semana passada, por exemplo, no mesmo dia o valor da bitcoin chegou a descer e subir mais de 20% no mesmo dia. Essas oscilações podem levar algumas entidades a pensar duas vezes antes de aceitarem bitcoins.
Há economistas a defenderem que a bitcoin não tem valor real e que é uma bolha que vai acabar por rebentar. É o caso do Prémio Nobel Joseph Stiglitz ou do presidente do JPMorgan, Jamie Dimon. Isto apesar de haver investidores em bitcoins, como Michael Novogratz, um antigo gestor de fundos, a vaticinar que a bitcoin suba para 40 mil dólares em 2018.