
Decorre hoje, na Praia do Mirante, em Santa Cruz, a terceira etapa do Campeonato Nacional de Bodysurf. A prova integra a programação desportiva do Ocean Spirit, trazendo a modalidade às águas do Oeste, depois das primeiras etapas terem passado por Cascais e pela Costa da Caparica. “Defino o bodysurf como a forma mais pura de surfar” diz Ruben Cotrim, atleta torriense que participa nesta etapa.
“Antes de existirem o surf e o bodyboard, antes de existirem pranchas, surfávamos com o nosso próprio corpo” justifica. Os pés-de-pato e a hand plane (pequena prancha de mão) são os únicos materiais utilizados, que pretendem auxiliar a tarefa de quem tenta, desta forma, dominar as ondas.
E se esta modalidade ainda é desconhecida de muitos, Ruben explica que há cada vez mais amantes deste desporto. “Em Portugal tem evoluído muito, todas as etapas têm tido as inscrições completas, com 40 atletas. Se calhar, se tivéssemos mais vagas, também tínhamos mais participantes.” Sublinhe-se que, entre os atletas portugueses que praticam a modalidade, encontra-se apenas uma mulher, a bodyboarder Marta Leitão.
O atleta lembra que em países como o Havai se pratica bodysurf” há muitos anos e com um elevado número de atletas.” E, por isso, não tem dúvidas de que a realização desta etapa no Ocean Spirit é “uma projecção para a modalidade e um convite aos habitantes de Santa Cruz e arredores a experimentarem o bodysurf.”

“A minha vida é mar”
A vida de Ruben Cotrim anda de braço dado com o mar. O jovem de 24 anos vive em Santa Cruz e lembra que, aos quatro anos, começou a nadar na piscina grande do complexo do Pisão, onde a mãe trabalhava. Daí à paixão pelos desportos de ondas foi um pequeno passo. “Foi aí que começou a ligação à água e ao mar. Comecei a fazer bodyboard e bodysurf quanto tinha oito anos… Fui nadador salvador e trabalhei na pesca profissional.”
A terceira etapa do segundo Campeonato Nacional de Bodysurf decorre, desde a manhã, nas águas do Praia do Mirante, onde está prestes a arrancar a final com os atletas António Stott, Miguel Rocha, Nuno Mesquita e Pedro Collaço. Ruben passou o primeiro heat em primeiro lugar, mas ficou para trás nos quartos-de-final, onde ficou em terceiro numa bateria de quatro. Mas o atleta da casa não deixa, por isso, de traçar um balanço positivo. “Estou satisfeito com as condições que estão reunidas. Isto é como jogar no totoloto… É uma questão de sorte, de estar no sítio certo à hora certa.”
“A minha vida é mar, sem o mar não respiro” diz o atleta santacruzense de sorriso no rosto. “Se eu não vir o mar, pelo menos, duas vezes por dia, acho que não sobrevivo.” A paixão que tem pelas ondas leva-o, de imediato, a deixar o convite. “Acho que devo convidar todos a experimentar o bodysurf, principalmente em Santa Cruz, onde só somos 4/5 atletas.”