
São 407 quilómetros quadrados que dão forma ao concelho de Torres Vedras, que desde Dezembro conta com Carlos Bernardes à frente da Câmara Municipal. “É um dos maiores concelhos da nossa região e o maior do distrito de Lisboa. Logo por aí tem essa grande responsabilidade” confessa o sucessor de Carlos Miguel, que conversou com o Torres Vedras Web para fazer um balanço dos primeiros meses à frente da Autarquia. “É um território que tem uma diversidade muito grande. E quem está a gerir um território como Torres Vedras tem de ter percepção disso” explica.
“É utópico dizer que agradamos a todos, o importante é que a maioria das pessoas veja o trabalho que estamos a desenvolver. Um trabalho que dignifica a cidade e o nosso território.” Da reflexão sobre esta utopia, o edil parte para as “grandes dificuldades em termos de recursos humanos operacionais, quer no nosso município quer nos municípios em geral.” Mas lembra que é preciso “fazer um esforço para manter aquilo que existe com qualidade e dignidade”, já que “por vezes não há necessidade de fazer grandes investimentos. Há é que manter aquilo que temos.”
“Quando gerimos uma cidade procuramos que esteja equilibrada” conta, para justificar a recente intervenção de que foi alvo o Jardim da Graça. “Passávamos pelo coração da cidade e sentíamos falta de algo”, o que levou o Município a desenvolver “uma pequena intervenção de embelezamento do espaço, sem grandes encargos financeiros e com o nosso ouro da casa, que são os nossos colaboradores.” Um refresh que faz com que hoje, na opinião de Carlos Bernardes, se encontre “um jardim com mais cor e mais vida.” O autarca destaca ainda a a pavimentação de “arruamentos que estavam menos bem na cidade” e os projectos que visam requalificar o chamado Bairro Novo, bem no centro da cidade torriense (Rua Conde Tarouca e Dr. Carlos França).
Proximidade na diversidade
“O sector agro-alimentar tem um papel importante e é sempre relevante alicerçar projectos nessa área” lembra o autarca ao traçar o retrato de Torres Vedras. Um concelho em que, sublinha, “somos cerca de 80 mil e temos cerca de 3500 empresas, desde uma nano-empresa a uma multinacional.” O edil destaca o novo regulamento de edificação e a redução das taxas de urbanismo, que se encontram em fase final de preparação, e que vê como mecanismos que permitem agilizar processos administrativos e de incentivo a empresas que operam ou que pretendam instalar-se no concelho.
Se já ficámos a saber que este foi um novo desafio no seu percurso – e que está disponível para o continuar nas eleições do próximo ano -, Carlos Bernardes resume. “É um território em que dá muito gozo trabalhar, face a esta relação entre a cidade, o litoral e o interior.” Quanto ao estilo de trabalho que privilegia, fala num “trabalho de proximidade” e na necessidade de se “colocarem as tecnologias ao serviço do cidadão, para lhe facilitar a vida”. Uma “modernização administrativa” com a qual o Presidente de Câmara pretende alcançar “melhores níveis de eficiência e eficácia.”

E Santa Cruz aqui tão perto
Se o Verão arrancou oficialmente na noite passada, certo é que as praias de Santa Cruz se preparam para a época do ano em que recebem milhares de pessoas. “O nosso litoral tem características naturais ímpares e chegou a hora de olharmos para ele não só no período da época balnear, mas ter uma visão integrada para todo o ano” desenvolve Carlos Bernardes a propósito do programa SantaCruz.365. “Temos abertura para sermos parceiros em projectos que integrem um programa que tenha início com a passagem de ano e que dê a volta pelos outros 364 dias do ano.”
“É um grande desafio que vamos ter pela frente para que o território seja mais procurado. Isso é importante para quem ali tem as suas unidades de alojamento, comércio, restaurante ou bar.” Dinamizar e promover a localidade, fazendo de Santa Cruz “um destino turístico de referência”, são os objectivos que estão no horizonte do líder da Autarquia que lembra o “programa vastíssimo” que já está traçado para este ano.
Depois da inauguração do Passeio dos Poetas, avizinha-se a 10ª edição do Ocean Spirit, algo que o líder do Executivo Municipal vê como “um evento de referência e excelência”, e que este ano conta com um upgrade: a integração do Pro Santa Cruz 2016, etapas do campeonato do mundo de surf na categoria da formação. “Não temos de ter as elites do surf, mas temos de criar condições para que, eventualmente, elas apareçam através da formação.” Carlos Bernardes aproveita, assim, para lembrar a aposta na formação desportiva através de um projecto de surf que arrancou no ano passado nas escolas do litoral.
Um futuro “optimista”
“Sou uma pessoa muito optimista em relação ao futuro. Acredito nas pessoas e que, com a colaboração de todos, possamos encontrar sinergias para que Torres Vedras continue a ser um concelho de referência” define Carlos Bernardes, ressalvando o trabalho “contínuo e permanente” que caracteriza o Poder Local. “Um trabalho numa autarquia tende para o infinito” realça, para rapidamente focar a conversa “na juventude torriense, que pode dar o seu contributo.”
O autarca não tem dúvidas de que o foco do trabalho autárquico se deve dividir em dois eixos. Por um lado, “darmos o nosso contributo para uma melhor qualidade de vida para os que hoje habitam e têm a oportunidade de visitar o concelho.” Por outro, fala num “legado” para os mais jovens. “Temos de contribuir para que as gerações futuras tenham igualdade – seja de que género for -, que tenham uma qualidade de vida superior àquela que existia no passado, e que tenham oportunidade.”
Os objectivos são ambiciosos. Mas Carlos Bernardes explica. “Oportunidade de poder criar o seu negócio, de poder ter o seu emprego aqui. Esse é um grande desafio de futuro. Diria que é quase um sonho, trabalhar para ter um ecossistema onde todos pudéssemos trabalhar, viver e usufruir do espaço com níveis de qualidade, de referência e de excelência.” À frente do concelho há quase oito meses, o edil não tem dúvidas. “Torres Vedras tem um potencial enorme do ponto de vista das pessoas, que são empreendedoras, e dos seus recursos. Temos pela frente muito caminho para fazer, mas com o objectivo sempre centrado nas pessoas.”