
A terceira edição do Novas Invasões terminou no domingo, dia 1, num dia que voltou a contar com a participação de milhares de pessoas nas várias atividades que deram forma ao evento. Ao longo destes quatro dias, cerca de 40 mil pessoas passaram pelo festival, que mergulhou a cidade de Torres Vedras numa experiência cultural ímpar
“Fazemos um balanço extremamente positivo. A afluência de público superou todas as nossas expectativas” afirma Ana Umbelino, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Torres Vedras. “Foi comovente, emocionante, ver a cidade repleta de pessoas a circular pelas ruas e muito interessadas em poder participar e assistir a todas as propostas artísticas que foram apresentadas”, acrescenta.
Um sucesso que, segundo Ana Umbelino, reforçou “a nossa profunda convicção de que as artes e a cultura são transformadoras. Transformam a relação dos cidadãos com a cidade e transformam, também, a relação das pessoas entre si, aproximando-as.” Afinal, o evento atraiu visitantes das mais diversas gerações, assumindo-se como um espaço em que as famílias são convidadas a ter uma nova vivência do espaço público.
“Esta edição mostra cabalmente que temos agentes culturais com um grande pulsar criativo, que temos associações, de diversa índole, capazes de dar o seu melhor e de se entregar em prol daquilo que é uma causa e um compromisso comum” desenvolve Ana Umbelino, a propósito do envolvimento da comunidade no Novas Invasões. “Verificámos que as artes e a cultura são um instrumento para a felicidade.”
Invasão de felicidade
A companhia espanhola Tiritirantes veio de Burgos para apresentar Ulterior, El Viaje, um espetáculo que trabalha a ilusão, surpreendendo quem assiste e fascinando todas as idades.
“Queremos despertar a imaginação do público” explicam Jorge e Oscar, que recordam uma resposta calorosa em pleno Novas Invasões. “Muito público, as ruas estavam cheias e havia gente a sorrir.” A reação do público ao espetáculo não deixa dúvidas aos espanhóis. “Nota-se que o público de Torres Vedras é educado, respeitoso e que disfrutou connosco. Foi muito bonito.”
Foi na noite de sábado que a performance de novo circo foi da Praça Dr. Alberto Manuel Avelino à Praça do Município, arrastando consigo uma multidão de visitantes que seguia os passos de dois dragões. “O que levou mais tempo foi o trabalho dos dragões. Pesam muito” diz Oscar Ortiz, explicando que esta foi a parte mais exigente ao longo dos dois anos de preparação do espetáculo.
“Procurávamos que o movimento fosse realista, que o corpo não fosse rígido”, complementa Jorge. Para isso, foi necessário desenvolver um exigente trabalho de investigação, para que os dragões se tornassem “orgânicos. Dá a sensação de que estão vivos e que cada um tem uma personalidade diferente.” À fase de investigação, seguiu-se o trabalho estético e a componente aérea, que dão forma a um espetáculo protagonizado por seis atores e acrobatas.
Celebração da cultura
O último dia do Novas Invasões ficou marcado pelo Cortejo de Luminárias, que voltou a cunhar o encerramento do festival. O cortejo partiu de um Largo de São Pedro repleto de gente, iluminando (e enchendo) as ruas do centro histórico até ao Parque do Choupal. À frente seguia a Cia. Tiritirantes, acompanhada pelo grupo de percussão inclusiva Nice Groove Batucada Lusófona com Skalabatuka e pela Escola de Teatro Anrique da Mota, coordenada por Rui Viola e com figurinos de Rute Osório de Castro.
Alinhados em plena Encosta de São Vicente, os grupos de recriação histórica aguardavam a multidão, recebendo-a com salvas de espingardas e obus. A noite seguiu com a música dos DJ e VJ Guerrilha Sound System, que encerraram o Novas Invasões.
“Foi um festival que nos surpreendeu pelo nível que tinha, com companhias internacionais que conhecíamos. Foi uma surpresa para nós” dizem Jorge e Oscar. “Há muito amor pela cultura, muito respeito pelo nosso trabalho, então estamos muito contentes por ter vindo cá. E a nossa vontade é voltar” confessam os Tiritirantes, que aproveitaram ao máximo a sua passagem por Torres Vedras. “Temos aproveitado para tudo: trabalhar, ver espetáculos e ir à praia.”
Depois do sucesso desta terceira “invasão”, Ana Umbelino não tem dúvidas de que “o festival já é vivido como algo que faz parte da cidade, das pessoas. (…) Esse é um sinal inequívoco de que devemos continuar”, conclui. Resta aguardar por 2021, ano em que o festival Novas Invasões estará de regresso a Torres Vedras.