“Quem financiou as bolsas foi quem comprou cadernetas de cromos de dinossauros para colecionar”, adquiridas em supermercados espalhados por todo o país.
Cientistas da Universidade Nova, do Museu Geológico, de Lisboa, e do Museu da Lourinhã recebem na quinta-feira bolsas de investigação em paleontologia financiadas por cidadãos de todo o país, anunciou hoje o Parque dos Dinossauros da Lourinhã.
“Quem financiou as bolsas foi quem comprou cadernetas de cromos de dinossauros para colecionar”, adquiridas em supermercados espalhados por todo o país, explicou o diretor científico do Parque dos Dinossauros da Lourinhã, Simão Mateus, em declarações à agência Lusa.
Os três projetos científicos vão decorrer durante um ano na Lourinhã.
A Universidade Nova de Lisboa e o Museu da Lourinhã recebem 29.734 euros para iniciar um projeto científico relacionado com micro animais vertebrados que viveram em território português durante o Jurássico Superior, há 150 milhões de anos.
Com a ajuda de voluntários não cientistas, os paleontólogos Miguel Moreno-Azanza e Octávio Mateus vão selecionar e estudar em laboratório “ossos microscópicos” de dezenas de espécies existentes, descrevê-las e compará-las a outras existentes em climas e locais diferentes.
O objetivo é envolver os cidadãos na ciência, fazer novas descobertas para a ciência e conhecer a fauna que vivia com dinossauros há 150 milhões de anos.
A Universidade Nova de Lisboa e o Museu da Lourinhã obtêm mais 29.915 euros para financiar o estudo do dinossauro carnívoro ‘baryonix’, espécie descoberta pela primeira vez em Inglaterra e, anos mais tarde, em Portugal, no Cabo Espichel, em Sesimbra, no distrito de Setúbal.
Paleontólogos das duas instituições portuguesas vão trabalhar pela primeira vez com outros da Universidade de Portsmouth, em Inglaterra, no estudo e comparação dos achados dos dois exemplares desta espécie para perceber mais sobre a sua anatomia, as diferenças de ambos e confirmarem se são a mesma espécie descrita em 2011 ou pertencem a espécies diferentes.
O Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia (LNEG), pertencente ao Museu Geológico de Lisboa recebe 14.640 euros, que vão financiar a investigação relacionada com o dinossauro herbívoro ‘Miragaia Longicollum’, com um dos esqueletos de dinossauros mais completos do país.
Os primeiros fósseis foram encontrados e escavados na década de 60 do século passado na Atouguia da Baleia, concelho de Peniche, no distrito de Lisboa, e ficaram à guarda do LNEG.
Décadas depois, fósseis de um exemplar da mesma espécie foram descobertos na Lourinhã, no distrito de Lisboa, e só em 2009 a nova espécie foi descrita como tal pelo paleontólogo Octávio Mateus.
O paleontólogo Francisco Costa, que dedicou em 2018 a sua tese de mestrado a comparar os fósseis de ambos, e a geóloga Susana Machado vão agora trabalhar no projeto de exposição e montagem deste dinossauro em posição de vida, para ser exposto ao público no Museu Geológico.
Ao concurso de bolsas de investigação do Dino Parque, concorreram 15 projetos.