
No passado dia 6 de novembro, membros da Assembleia de Freguesia de Santa Maria, São Pedro e Matacães da coligação “Juntos Somos Mais Fortes PSD/CDS-PP” reuniram com o vereador do pelouro dos Transportes, Trânsito e Mobilidade do Município de Torres Vedras, Hugo Lucas, com o objetivo de expressar algumas das suas “preocupações”, bem como “de um expressivo número de Torrienses”, relativamente às intervenções que a cidade tem vindo a sofrer nos últimos meses referente à implementação do Plano de Mobilidade.
Não pretenderam nesta fase questionar a construção da ciclovia nem o que se poderia fazer em alternativa com a quota parte de dinheiros públicos investidos nesta. Consideram que a ciclovia é hoje uma “realidade incontornável”, e percebem “o oportunismo do aproveitamento de fundos comunitários” para a construção de uma situação de futuro. No entanto, temem que esta oportunidade “seja desperdiçada em face de constrangimentos diversos e erros de execução, obrigando a que à posteriori se recorra novamente a fundos públicos para corrigir o que deveria ter sido acautelado e orçamentado em projeto inicial”. Em suma, consideram que “existe o sério risco de se perder uma boa oportunidade na criação deste novo conceito, não aproveitando na integra o estímulo positivo dos fundos europeus”.
Segundo os mesmos, “seria expectável que, com o desenrolar das obras a caminho da sua conclusão, as queixas e criticas fossem amenizando”, no entanto, afirmam que “o que se assiste hoje é o inverso, pelo facto de se terem tomado decisões incompreensíveis para a maioria dos munícipes”, tais como; “os canteiros colocados onde antes se encontravam os freixos ao longo da Rua António Leal D`ascenção não permitem acesso dos utilizadores do estacionamento ao passeio, tendo que caminhar perigosamente ao longo da beira da estrada até encontrar uma passagem que permita aceder ao mesmo. Incompreensível ainda o facto de os lugares de estacionamento para pessoas de mobilidade reduzida e de carga e descarga de mercadorias localizados junto às passadeiras não estarem preparadas para o efeito, encontrando-se um canteiro no frontal do veículo e a berma de passeio com lancil na lateral de acesso; a falta de sinalização vertical e marcas rodoviárias no pavimento ao longo da ciclovia e um pouco por toda a cidade é gritante, nomeadamente nas passadeiras e na aproximação às rotundas”.
Em face da mudança de paradigma da mobilidade na cidade, “as dúvidas e questões dos peões e condutores relativamente à sua relação com a ciclovia são imensas, pelo que se assiste a uma verdadeira sensação de insegurança constante”, revelam.
Desse modo, a Coligação afirma que o Município “tem a obrigação de promover a informação/formação dos seus munícipes; a supressão de vias é igualmente incompreensível e desnecessária nalguns troços, como é o caso do último troço até ao Barro. Ameaça a fluidez de trânsito, agravando-se nas horas de ponta. Optando-se por suprimir uma via torna-se assim inexplicável a manutenção do separador central, pois ameaça a assistência a veículos com avaria, bem como a passagem de veículos prioritários e de emergência”, argumentam.
Estas e outras questões identificadas, na opinião destes, necessitam de correção no imediato de forma a não se passar pelo ridículo de ter que alterar à posteriori uma obra acabada de inaugurar.
Outras questões foram levantadas naquela reunião, designadamente: “a insuficiente rede de “Bike Stations”; a impossibilidade de os visitantes da cidade poderem utilizar as “Agostinhas” no imediato; o estado deplorável a que muitos dos passeios da nossa cidade chegaram; o estacionamento na cidade está a definhar, e as soluções apresentadas pelo executivo municipal são insuficientes, o que nos leva a questionar qual será o verdadeiro objetivo por detrás desta estratégia”. “Não se concebe aos dias de hoje a adoção de uma mobilidade sustentável sem veículos automóveis, pelo simples facto das alternativas atuais serem insuficientes e não responderem às necessidades familiares e profissionais da generalidade da população. Esta ineficácia em providenciar soluções de estacionamento para os seus munícipes e visitantes tem provocado uma desertificação da cidade que se intensificará caso o rumo não seja invertido a breve prazo”.
Segundo o comunicado enviado ao TORRES VEDRAS WEB, o Vereador da Câmara Municipal de Torres Vedras Hugo Lucas, em resposta às questões levantadas, começou por partilhar a visão do Plano de Mobilidade e comentou que a obra ainda não se encontraria acabada e que alguns dos temas colocados iriam ser corrigidos.
Os membros da Coligação afirmam acreditar no conceito, mas têm sérias dúvidas relativamente ao processo. E por esse motivo, não acreditam “que a única solução encontrada pelo Município para o excesso de velocidade seja a supressão de vias. Não acreditam que a supressão de lugares de estacionamento seja positiva para a cidade e seus habitantes/visitantes. Não acreditam que o congestionamento de trânsito verificado hoje em determinados troços, onde antes não existia, seja irrelevante. Não acreditam que a informação/formação aos munícipes sobre a sua relação com a ciclovia ainda esteja a ser ultimada largos meses após o inicio das obras. Não acreditam que a Câmara Municipal possa estar refém dos Empreiteiros que escolheu. E não acreditam na ligeireza com que questões criticas de segurança, como a sinalização vertical e marcas rodoviárias nos pavimentos estão a ser geridas”.
Os membros da Assembleia de Freguesia de Santa Maria, São Pedro e Matacães, da Coligação “Juntos Somos Mais Fortes” PSD/CDS-PP, temem igualmente que a realização obstinada do Plano de Ação de Mobilidade Urbana Sustentável na cidade de Torres Vedras, esgote de tal forma os recursos existentes, que assistamos ao abandono de todas as outras ruas da cidade ou localidades da freguesia que não estejam no seu âmbito. E isso, infelizmente, já se começa a verificar um pouco por toda a freguesia, afirmam estes.