Coligações à esquerda nas autarquias com acordos para todos os gostos
publicidade

O acordo de Jorge Sampaio, enquanto presidente da Câmara de Lisboa, com a CDU é apontado como “exemplo perfeito” de aliança de esquerda, mas, no país, há outros casos de sucesso de gestão municipal partilhada entre socialistas e comunistas.

Em Torres Vedras, as autárquicas de 1976 e 1979 deram a vitória ao socialista Alberto Avelino, que fez fez um acordo pós-eleitoral, informal, com o eleito da CDU, atribuindo-lhe pelouros.

Situação semelhante ocorreu em 1985, com o socialista José Augusto de Carvalho, e 1993 e 2001, com o também socialista Jacinto Leandro.

Em Alenquer, as autárquicas de 1979 deram a vitória ao PS, que conseguiu três mandatos, o PSD outros três e a CDU um. O socialista Álvaro Pedro atribuiu pelouros ao eleito da CDU, que, em vários assuntos, votou ao lado do PS. O mesmo aconteceu no seu último mandato iniciado em 2005. Jorge Riso (PS), que era seu vice-presidente, ganhou a Câmara em 2009 e voltou a fazer um acordo à esquerda.

Também em Arruda dos Vinhos, as autárquicas de 1993 elegeram dois elementos do PS, dois do PSD e um do PCP. Mário Henrique (PS) foi eleito presidente e fez um acordo pós-eleitoral com o PCP.

No distrito de Setúbal, onde a CDU tem sido a força política maioritária nas autárquicas, não tem havido necessidade de acordos para a governação dos municípios. A exceção foi o entendimento informal entre a CDU e o BE, após as eleições de 2009 em Almada, quando a coligação perdeu a maioria absoluta. Na ocasião, a vereadora do BE, Helena Oliveira, viabilizou o orçamento e muitas propostas da maioria, mas nunca houve acordo formal entre comunistas e bloquistas.

Mais a norte, em Coimbra, pela primeira vez desde 1989 o candidato mais votado não obteve em 2013 maioria absoluta, o que fez com que o PS (com cinco eleitos em 11) tenha negociado, para o atual mandato, pelouros com o único vereador da CDU.

Em Montemor-o-Velho, o PS venceu as eleições também sem maioria (três eleitos, contra três do PSD/CDS-PP e um da CDU) e estabeleceu dois acordos: com o vereador comunista Jorge Camarneiro e com a independente eleita pelo PSD/CDS-PP Alexandra Ferreira (que, entretanto, abandonou aquela coligação), atribuindo quatro pelouros a cada.

Na Marinha Grande, antes um bastião do PCP, o presidente Câmara, Álvaro Pereira (PS), atribuiu, após as últimas autárquicas, pelouros a dois vereadores da CDU, garantindo a maioria no executivo, situação que durou até agosto deste ano, quando os comunistas devolveram as pastas, por discordarem do fecho de escolas.

Também em Tomar, o PS, que conquistou três mandatos em sete nas autárquicas de 2013, tem governado com maioria graças ao acordo feito com a CDU, com a atribuição de pelouros ao vereador comunista.

Ainda na região Centro, em 1982, na Lousã, o PS arrebatou a presidência da Câmara à Aliança Democrática, após negociar a inclusão nas suas listas de militantes da UDP, um dos partidos que estiveram na fundação do BE.

Esta aliança local foi celebrada pelos “democratas populares” contra a decisão da direção nacional do partido.

Mas, um pouco por todo o país, tem havido exemplos de outras coligações autárquicas, algumas “improváveis”, que funcionaram.

Exemplo disso aconteceu em 2002, quando, depois de vencer as eleições à Câmara do Porto sem maioria absoluta, Rui Rio (PSD), que se candidatou à autarquia em coligação com o CDS-PP, atribuiu ao vereador da CDU, Rui Sá, o pelouro do Ambiente e Reforma Administrativa e a presidência do Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento.

Em Loures, a CDU, através do presidente da autarquia, Bernardino Soares, tem um acordo para a gestão da câmara com a coligação PSD/MPT/PPM, atribuindo pelouros a dois vereadores sociais-democratas.

A sul, no primeiro mandato de Luís Gomes (PSD) como presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, em 2005, a divisão de mandatos ficou em três para PSD, três para PS e um para a CDU.

A CDU aceitou integrar o executivo e o seu vereador ficar com pelouros. Nas eleições seguintes, este eleito foi a votos na lista social-democrata.

Em Vendas Novas, no distrito de Évora, Luís Dias (PS) gere a Câmara em coligação com o PSD, sendo o executivo constituído por três eleitos do PS, três da CDU e um do PSD.

Em Portalegre, houve “entendimento de governação local” de 2002 a 2005, entre o PSD, que obteve maioria relativa, e a CDU.

Ao longo dos anos registaram-se também coligações pontuais em Sousel, Nisa e Campo Maior (maiorias relativas do PS com eleitos da CDU), bem como em Alter do Chão (maioria relativa do PSD e um vereador comunista).

Já na Covilhã, o presidente Vítor Pereira (PS), atribuiu, em janeiro deste ano, pelouros ao vereador do PSD, no âmbito de um acordo de incidência governativa que garante a maioria no executivo.

No Cadaval, o executivo PSD, liderado por José Bernardo Nunes, fez um acordo pós-eleitoral com o PS, cujo cabeça-de-lista assumiu o cargo a tempo inteiro.

publicidade

Artigo anteriorCelina da Piedade homenageia cante alentejano no festival de acordeões de Torres Vedras
Próximo artigoAssociação alerta para burla em peditório de rua
Agência Lusa
A Lusa é a maior produtora e distribuidora de notícias sobre Portugal e o mundo, em Língua Portuguesa. A Lusa acompanha a atualidade nacional e internacional a cada segundo, e distribui informação em texto, áudio, foto e vídeo. A rede Lusa de correspondentes cobre geograficamente todo o país e está presente em 29 de países do mundo.

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui