A peça de teatro “De eurocommissaris”, pela companhia holandesa Mugmetdedoudentand, abre hoje, no Teatro Ibérico, Lisboa, a apresentação em Portugal de “Comichão Europeia”, um projeto da Companhia João Garcia Miguel (CIA JGM) e quatro companhias europeias.
A companhia holandesa subirá ao palco às 21:30. No dia seguinte, à mesma hora, é a vez do coletivo romeno 3GH representar “the beyond”.
Na sexta-feira, cabe à companhia da Associação K, de Milão, subir ao palco do teatro instalado no antigo de S. Francisco, em Xabregas, para apresentar a peça “Play”.
Também na sexta-feira, às 23:00, a companhia João Garcia Miguel apresentará a peça “Sr. Moedas”.
O projeto “Comichão Europeia” mobiliza ainda uma companhia da Letónia – Story Hub – que atuará, em Lisboa, em abril de 2020.
Uma reflexão sobre a Europa e o que “esta está a construir para cada um de nós”, é como o encenador João Garcia Miguel define a peça “Sr. Moedas”, ficcionada com base numa entrevista que João Garcia Miguel fez ao anterior comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, com quem esteve ao longo de um dia, em Bruxelas, disse o ator e encenador, em outubro último à agência Lusa.
Colegas do comissário, no final de um mandato de cinco anos, e pessoas com quem este conviveu, sobretudo em Beja, de onde é natural, foram também entrevistadas por João Garcia Miguel para a construção da peça, acrescentou, na mesma altura, o criador.
“Comichão Europeia” é o nome do projeto português e resulta de “um trocadilho com Comissão Europeia e com esta ideia de que Portugal tem alguma comichão, algum mal-estar, alguma incompreensão” com a Europa, acrescentou o diretor da companhia JGM.
“Alguma alergia, digamos assim. Aliás, uma alegria e uma alergia”, frisou o encenador a propósito do projeto que de quarta-feira levará quatro peças ao Teatro Ibérico.
“Sr. Moedas” é um texto com duas personagens, uma das quais o Sr. Moedas, que, não tendo “correspondência direta” com “o engenheiro Carlos Moedas”, cria uma “personagem inventada que se relaciona com a Europa”, referiu.
“Com a compreensão que, de alguma forma, a Europa é um sonho muito antigo, que ultrapassa a nossa própria construção da Europa e que, de alguma maneira, é um diálogo interior que acaba depois por ser teatralizado entre duas personagens”, disse.
“Muitas das vezes nem sequer temos consciência das coisas positivas, temos muito mais consciência daquilo que é negativo e que nos choca, que nos deixa entristecidos, e provavelmente sem margem de progressão”, frisou João Garcia Miguel.
O projeto “Comichão Europeia” nasceu de forma “fortuita”, depois de um convite lançado a João Garcia Miguel, em 2018, por um encenador holandês que também faz parte da organização Informal European Theatre Meeting e que pusera em palco uma peça semelhante a partir de um texto em torno do ‘seu’ comissário europeu, em 2015 e 2016.
À Holanda e a Portugal juntaram-se depois companhias de Itália, Roménia e Letónia que “criaram espetáculos para refletirem sobre este regime europeu que obriga os países a um conjunto de regras que acabam muitas vezes por ser difíceis de aceitar e perceber”.
O espetáculo dos italianos está um pouco mais longínquo da figura do comissário italiano, já que, ao contrário do português, não foi nada sensível a receber o grupo, esclareceu o encenador português.
Os romenos têm uma figura muito idealizada a partir de testemunhos de um conjunto de pessoas que foram deputados e comissários europeus, assim como os letões, disse João Garcia Miguel à Lusa, a propósito dos espetáculos que o Teatro Ibérico acolhe esta semana.
“Sr. Moedas” já foi apresentado na Holanda, Roménia e em Itália.
De 15 a 22 de fevereiro de 2020, os trabalhos das cinco companhias serão também representados em Riga, na Letónia.
Com texto, espaço cénico e direção de João Garcia Miguel, “Sr. Moedas” é interpretado por Sara Ribeiro e tem figurinos de Rute Osório de Castro. Tem da CIA JGM & Teatro Ibérico, com o Teatro Cine de Torres Vedras, Teatro Aveirense e as autarquias locais de Torres Vedras e Aveiro.