A rede de transporte na região do Oeste está a funcionar apenas a 75%, com algumas localidades a não serem servidas por qualquer autocarro e outras onde o número de passageiros sofreu quebras superiores a 90%, segundo as operadoras.
A terceira fase do plano de desconfinamento devido à pandemia de covid-19 inicia-se hoje com os concelhos do norte do Oeste a terem assegurada uma cobertura de transportes públicos de “70 a 75% do território”, disse hoje à Lusa Orlando Ferreira, da Rodoviária do Oeste.
A empresa, que cobre os concelhos norte do Oeste, tem em vigor 18 rápidas (que efetuam ligações entre Caldas da Rainha e Lisboa e entre Peniche e Lisboa; 21 interurbanas (entre concelhos), quatro “Toma” e um “Chita”, estes últimos que efetuam percursos citadinos nas Caldas da Rainha e em Alcobaça.
Esta é, segundo Orlando Ferreira, “uma rede em vigor desde 18 de março”, data do regresso dos alunos do 11.º e 12.º anos de escolaridade às aulas presenciais que levou ao alargamento das carreiras interurbanas “para efetuar o transporte escolar, mas abertas também a toda a população”.
De fora da cobertura ficaram várias localidades onde os habituais autocarros ainda não foram retomados e onde “dificilmente serão repostos antes do início do próximo ano letivo”, acrescentou o mesmo responsável.
Tanto mais que, nos circuitos que foram retomados”, a procura é cerca de 10% nos casos das rápidas”, com a empresa a transportar “cerca de 300 pessoas por dia”, quando habitualmente o serviço era procurado por 3.000 passageiros.
Ao nível das interurbanas, a procura é ainda mais baixa, rondando os 5%.
A Barraqueiro Oeste e Boa Viagem, empresas do Grupo Barraqueiro que operam nos concelhos do sul da região Oeste, retomam a partir de hoje 70% das suas carreiras, disse à agência Lusa Laurinda Martins, em representação das duas empresas.
“Com 70% das carreiras, estamos a conseguir cobrir 85% da rede, porque estamos a desviar percursos consoante a procura”, explicou, classificando-as como a “rede essencial”.
Contudo, nem todos os horários das carreiras foram retomados e a oferta garantida é de 40%.
As receitas com os serviços reativados correspondem a apenas 15% das obtidas no período homólogo de 2019, valores que deverão subir a partir deste mês com a reposição de mais percursos e respetivos horários.
Além da supressão de horários e carreiras, a responsável lembrou que as empresas de transportes estão obrigadas pela Direção-Geral da Saúde a impor uma lotação de 2/3 dentro dos seus autocarros, o que “obriga a afetar mais meios” e a aumentar os custos, que nem sempre são acompanhados pelas receitas recebidas.
As três operadoras estão atualmente em conversações com a autoridade regional de transportes, a Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCim), no sentido de receberem compensações financeiras, sem contudo conseguirem apontar qualquer data para que tal aconteça.
“Sem passageiros e sem receitas, as empresas entendem que o risco deve ser partilhado pela autoridade de transportes, mas tem que se encontrar uma solução equilibrada já que a orientação do Governo é no sentido de serem utilizadas as verbas do PART [Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos] e, portanto, é necessário avaliar as verbas disponíveis e linhas que são essenciais retomar”, disse à Lusa o presidente da CIM, Pedro Folgado.
A OesteCim é composta pelos concelhos de Alcobaça, Bombarral, Caldas da Rainha, Nazaré, Óbidos, Peniche, do distrito de Leiria, e por Alenquer, Arruda dos Vinhos, Cadaval, Lourinhã, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras, do distrito de Lisboa.