
“Amo Portugal, as pessoas e tudo o que se relacione com este país.” Foi assim que Garrett McNamara começou por se dirigir às mais de cem pessoas que recheavam o espaço do Noah Surf House, na Praia da Física, durante a tarde de ontem. O surfista de ondas gigantes esteve em Santa Cruz para uma sessão de autógrafos e para responder às questões de uma casa que encheu para uma tarde de conversa. “Tenho tempo para todos” sublinhou, quando questionado sobre como lida com o entusiasmo dos portugueses, que fazem tudo por um autógrafo e uma fotografia.
“O medo é uma escolha. Podemos escolher ter medo ou não ter.” Entre o público, as dúvidas eram muitas e passavam, muitas vezes, pela forma como lida com as ondas. E foi entre risos que McNamara explicou que tem mais medo de um acidente de carro ou de perder o cartão de crédito. “Quando apanho uma grande onda desfruto e divirto-me. Quando se aproveita o momento não há medo” disse, sublinhando que apenas entra na água quando estão reunidas todas as condições: as do mar e as do próprio atleta.

Uma simbiose que tem resultado num desafio às ondas gigantes, como a que agarrou há quatro anos na Praia do Norte, na Nazaré. Foi ali que surfou a maior onda do mundo e onde, todos os Invernos, enfrenta o Canhão da Nazaré, o desfiladeiro que dá origem a estas ondas de grandes dimensões. Além das “condições perfeitas” para os desportos de ondas, Garrett McNamara explicou ao Torres Vedras Web o que o fascina em Portugal. “O que mais gosto são as pessoas. Onde quer que vá, toda a gente tem muito orgulho e entusiasmo em ver as expressões de quem prova o seu vinho, a sua comida ou as suas ondas.”
“Os portugueses adoram partilhar o seu orgulho e o amor que têm pelo seu país” acrescentou o norte-americano, que começou a surfar aos 11 anos. McNamara lembrou as suas origens humildes, e a forma como o mar parecia uma fuga dos problemas que ficavam em terra. “O oceano era o sítio onde podíamos deixar tudo para trás, todos os problemas e desafios… Quando estava no oceano estava no céu. Era o melhor sítio para estar.” Começava, assim, uma paixão que parece não ter fim à vista.
De volta às ondas em Outubro
Uma lesão no ombro, fruto de uma onda na Califórnia, no início do ano, fez com que o surfista tivesse de parar durante alguns meses. Sucederam-se várias operações, com dores que o fizeram esquecer as ondas, e que hoje levam o norte-americano a confessar que se tratou do maior desafio que já enfrentou. Ontem, voltou a garantir que volta às águas nazarenas já em Outubro.

Quando questionado sobre que dicas daria aos jovens amantes de ondas, McNamara destacou o papel das escolas de surf. Gonçalo Alves, do Noah Surf House, já tinha destacado a ligação deste estabelecimento com o mar, uma “relação estreita” que também se caracteriza pelo ensino da modalidade. A tarde também contou com a presença de Sérgio Cosme, conhecido por muitos como Serginho. O surfista de Santa Cruz anda a desafiar as ondas da Nazaré ao lado do norte-americano, e destaca. “Tenho muito a agradecer ao Garrett porque tem-me ensinado muito.”
“Nunca é demasiado cedo nem demasiado tarde.” Esta foi uma das mensagens que o surfista de ondas gigantes deixou, ao lembrar que foi aos 35 anos que, não satisfeito com o rumo da sua vida, decidiu desafiar-se a si próprio e correr o mundo em busca de desafios. “Como podes, com a tua paixão, fazer a diferença no mundo?” O desafio ficava no ar, bem como algumas pistas: determinação, paixão e muito trabalho parecem ser a chave para fazer a diferença.