O RHI reuniu em Portugal curadores, programadores culturais e artistas oriundos de várias partes do mundo, com iniciativas primeiro em Lisboa e depois em Torres Vedras, Caldas da Rainha e em mais nove municípios.
Programadores e produtores norte-americanos que passaram por Portugal no âmbito da primeira edição da RHI Initiative regressam com “vários artistas portugueses” em mente para internacionalizar, afirmou a organizadora, que só lamenta a “ausência” de participação dos artistas de Lisboa.
Entre os passados dias 14 e 21, decorreu em 12 cidades de todo o país a iniciativa “RHI – Revolution_Hope_Imagination”, um “grande evento montra para os estrangeiros” conhecerem a cultura portuguesa, promovido pelo Arte Institute, fundado em Nova Iorgue pela curadora e empreendedora cultural Ana Ventura Miranda, com o objetivo de aproximar arte, negócios, cultura e turismo.
Fazendo um balanço da iniciativa, a sua promotora afirmou à Lusa que “na parte da internacionalização foi conseguido, porque os programadores levam daqui já algumas pessoas em mente para programar já no próximo ano, nos Estados Unidos”.
Não querendo avançar nomes antes de os contratos estarem firmados, Ana Miranda disse que muitos artistas saíram daqui já com propostas em análise por empresas.
“Muitos deles foram vistos fora de Lisboa em ‘showcases’ pelo país inteiro. Mostra que a iniciativa nesse aspeto foi bem estruturada, foi uma boa aposta, apostar em artistas que não são os mais conhecidos, artistas emergentes, e apostar nesta ‘tour’ pelo país”, afirmou.
Para a organizadora, importante também foi a aposta de sair dos grandes centros e não circunscrever o evento só a Lisboa, porque “todos os programadores referem que nunca nenhum país trabalhou desta maneira e isto permite-lhes, por um lado, conhecer o país, mas acima de tudo entender melhor a diversidade cultural que existe no país e entender os trabalhos e os artistas que estão a ver”.
“Ficaram muito impressionados com o ‘do it yourself’, o caso de Leiria, em que foram ver o espaço Serra [associação cultural onde convivem músicos, pintores, designers, produtores de vídeo e som, entre outros] e estiveram a conhecer vários artistas de varias áreas, e, apesar de a maior parte deles ser programador da parte da musica, criou um grande impacto conhecer o dinamismo dos jovens portugueses”.
Ana Ventura Miranda ressalvou novamente a postura das empresas, “mais do que abertas a este diálogo, que querem participar neste diálogo e têm interesse”.
“O ponto fraco disto tudo, e principalmente em Lisboa, foi a ausência dos artistas que deveriam ter participado de forma diferente e serão os que vão ter menos oportunidade nesse sentido, porque não se mobilizaram para aquelas coisas que tanto criticam: a falta de oportunidades, a falta de chegar às pessoas, sejam as empresas, seja o financiamento, sejam os programadores”, criticou.
Ana Miranda afirmou que, apesar de ter havido público em Lisboa, a maior parte não foi composta por artistas, e lamentou o facto de “as pessoas não terem aproveitado melhor esta hipótese que, apesar de não ter sido o Estado a dar, foi a sociedade civil”.
“Em termos de resultados, acho que Lisboa, por isso, vai sair um bocadinho prejudicada, mas com certeza nas outras cidades não, e acho que isso é o mais importante, ver que a aposta e estratégia delineada foi ganha”, acrescentou.
Segundo a responsável do evento, os programadores e produtores querem voltar, já estão a dar nomes de outros profissionais que consideram que têm de conhecer este trabalho, e já marcaram reuniões nos Estados Unidos.
O RHI reuniu em Portugal curadores, programadores culturais e artistas oriundos de várias partes do mundo, com iniciativas primeiro em Lisboa e depois em Torres Vedras, Caldas da Rainha, Óbidos, Guimarães, Leiria, Alcobaça, Évora, Vidigueira, Loulé, Funchal e Faro.
Além de palestras e debates, houve espetáculos (na maioria gratuitos) e oficinas temáticas, abrangendo as áreas da Música, Arquitetura, Design, Teatro, Cinema, Audiovisual, Dança, Literatura, Educação e Cidadania.
Além de aproximar o público da arte, o objetivo da iniciativa foi dotar os artistas de ferramentas para que possam otimizar a sua relação com o financiamento, propor outras modalidades de negócio e criar ligações mais sólidas entre o turismo e a cultura.
Neste diálogo cultural à escala mundial – que abrangeu 75 palestras e 50 ‘workshops’ – estiveram envolvidos 23 países, dos quais marcaram presença representantes governamentais de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Indonésia, Tailândia, México e das ilhas Canárias, entre outros países, assim como “mais de 20 oradores e programadores internacionais de referência”.