Mercado Municipal de Torres Vedras: passados seis anos, operadores fazem críticas à Promotorres
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“Já aqui estamos há seis anos e parece que foi ontem.” Paulo Veríssimo está no Mercado Municipal de Torres Vedras há 40 anos e lembra a história que percorreu. Do antigo mercado, passando pelo provisório, até às novas instalações inauguradas em 2010, o operador traça um balanço pouco risonho. “O poder de compra cada vez é menor, a crise cada vez é maior, cada vez há mais oferta do que procura e isso reflecte-se muito nos pequenos negócios” explica atrás da banca onde vende peixe.

É durante o fim-de-semana que a maioria dos clientes ruma ao Mercado Municipal (MM), que celebra, durante este mês, o seu sexto aniversário. Mas o período de festa não deixa esquecer os problemas de quem ali trabalha. “Não se admite que lá fora não se pague estacionamento aos Domingos e feriados e aqui paga-se” diz Vitor Paiva, que começou nesta vida há 35 anos. Apesar de a autarquia torriense já ter anunciado que o estacionamento vai passar a ser gratuito durante aquele período, o operador lembra que “podiam ter deixado a primeira hora de estacionamento grátis, que ajudava bastante.”

Mercado Municipal de Torres Vedras: passados seis anos, operadores fazem críticas à Promotorres

 

“A Promotorres não faz aquilo que devia fazer.” Se há quem aponte a crise como a principal razão para a falta de clientes, também há quem aponte baterias à Empresa Municipal que tem a seu cargo a administração do MM. Rosa Maria Carvalho já percorreu “os mercados todos” e parece não ter dúvidas. “Este mercado já teve melhor sorte que a que tem.” Fala nas dificuldades sentidas pelos “clientes mais velhos” em subir as escadas até ao primeiro andar e aponta o dedo à nova localização da rodoviária. “Ninguém vai daqui tão longe com um saquinho na mão.” No fundo, conclui, “estamos a perder os clientes, dia a dia.”

“Pode-se dizer que é uma inovação que não foi muito bem aceite, porque há muitos operadores que não estão assim tão contentes com esta mudança” explica Gabriela Silvério, que dá continuidade a um negócio de família onde o pão e os bolos estão em destaque. De facto, as críticas estão em cada esquina: quer ao estacionamento, quer ao próprio método de organização do espaço. “Além de estar bonito e novo, não está muito funcional para os funcionários” aponta Vitor, indo ao encontro do que Ana Matias, de um dos estabelecimentos logo à entrada, viria a desenvolver. “Há muita gente que não vai lá acima, logo o primeiro piso não tem clientes. O negócio perde muito e segundo sei, no mercado antigo não havia esse problema porque era só um piso.”

Qualidade dos produtos e simpatia de quem os vende

“Tanto quem tem cá os seus comércios como nós, que frequentamos o Mercado, estamos a atravessar uma fase muito difícil.” Ao percorrer o piso térreo encontramos Júlio Santos, cliente do mercado torriense e comerciante de cosmética e salões de cabeleireiro nas proximidades. “Foi, e continua a ser, uma obra emblemática de Torres Vedras. Está bem centralizada, foi muito bem feita, simplesmente a crise que estamos a atravessar não nos ajuda em nada.”

Também Maria Calheiros, de Ponte do Rol, considera que “o espaço está muito bem conseguido, é muito agradável e bem organizado.” No entanto, confessa que “acaba por ficar um pouco fora de mão para aquilo que é a minha vida.” Enquanto passeia com os filhos pelo espaço, explica que gosta “da organização, da forma como as lojas se distribuem”, destacando ainda os projectos pedagógicos que ali são dinamizados.

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“O espaço está muito bem conseguido, é muito agradável e bem organizado” diz Maria Calheiros, cliente do MM.

“Acho que está muito bem estruturado, é uma praça muito boa” diz Lurdes Nunes ao Torres Vedras Web. A torriense é cliente do MM e considera que “que deve continuar como está. Até agora nunca ouvi dizer mal do mercado, por isso se continuar assim não está mal.” E se já vimos que nem só de torrienses se faz este mercado, estivemos à conversa com Francisca Moreno, da Arruda dos Vinhos. “Gosto muito da carne, que é de muita qualidade, da fruta e das hortaliças.” Parecem, por isso, não faltar razões para vir até ao mercado do concelho vizinho. “As pessoas são simpáticas, tem muito espaço e não temos de esperar muito tempo na fila como nos supermercados. É agradável.”

Tempo de apagar as velas… e pedir desejos

A decoração não deixa enganar: a faixa logo à entrada lembra-nos que o Mercado Municipal de Torres Vedras celebra seis anos. Entre os operadores, os desejos para os anos que se seguem são semelhantes. “A gente espera sempre que isto melhore, não há muito mais a dizer. Vamos esperar que a crise vá embora… Não vejo grande futuro mas temos sempre de ter esperança” diz Vitor Paiva.

“Que a praça melhore e que venham para cá mais pessoas. Que abram as lojas que estão fechadas, porque estão cá um ano e depois vão-se embora, não aguentam estar aqui mais tempo” atira Rosa Maria Carvalho. Apontam-se soluções, numa tentativa de que algo mude e de que se ganhe um novo fulgor. “Talvez mais publicidade, que cativasse mais o cliente a vir cá” diz Gabriela Silvério, como forma de fazer frente aos centros comerciais. Por isso, lembra aquela que considera ser a grande mais-valia deste espaço. “É um mercado novo, não há nenhum igual a este.”

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Rita Alves dos Santos
Jornalista. Natural de Torres Vedras. Licenciada em Ciências da Cultura na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Pós-Graduada em Jornalismo Multiplataforma. Mestranda em Jornalismo da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

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