Migração: Uma crise humanitária às portas da europa
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Quase diariamente, em todos os meios de comunicação social, surgem notícias sobre o drama que se vive no Mar Mediterrâneo e, mais recentemente, no Canal da Mancha. A migração de cidadãos oriundos do continente africano e de países muçulmanos está a tornar-se um grande drama na atualidade, quase que falamos duma tragédia, com dimensões verdadeiramente assustadoras.

Num passado fim-de-semana, foi noticiado que mais de um milhar de pessoas foram retiradas das águas do Mediterrâneo, situação revelada pela guarda costeira de Itália. Nessa mesma notícia, afirmava-se que foram retiradas do mar 671 pessoas, incluindo 48 crianças, tendo ocorrido cinco operações de resgate. A organização não-governamental ‘Médicos sem Fronteiras’ colabora diariamente nas operações de resgate, sendo a Itália e a Grécia um dos principais pontos de chegada de milhares de imigrantes que procuram chegar à terra tão desejada, a Europa.

Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, cerca de 224 mil migrantes e refugiados atravessaram o Mediterrâneo nos primeiros sete meses deste ano. Destes, 124 mil desembarcaram na Grécia e cerca de 90 mil em Itália. No mesmo período, mais de 2.100 pessoas morreram na travessia. Os números de desembarques de refugiados têm registado um aumento inaudito.

Registe-se que têm ocorrido esforços de diversas forças de segurança para recolher ao largo refugiados que atravessam, nas piores condições, aquele mar entre terras, registando-se inclusive a colaboração de forças portuguesas, cuja missão é localizar as pessoas e fazer o seu acompanhamento, sendo que os meios marítimos italianos é que retiram as pessoas do mar.

Mas deixando os números (assustadores) um pouco para trás, o importante é fazer uma profunda reflexão… Sobretudo sobre a causa de fuga destes homens, mulheres, e crianças… Será que podemos falar numa catástrofe, com riscos civilizacionais sem precedentes nos últimos séculos?

Algo de inexcedível decorre em paralelo, o esforço de legiões de voluntários que procuram dar apoio humanitário a estes seres humanos que tentam chegar à Europa, ultrapassando os próprios limites. Consideramos que se trata dum problema sem precedentes para a ONU e para a União Europeia.

Em suma: um flagelo que tem de nos conduzir a uma reflexão profunda: quais as razões que levam estes seres humanos a colocarem tudo em risco para atingirem uma zona do mundo, onde poderão realizar os seus sonhos e, sobretudo, ter acesso a pão e à Paz… 

Neste sentido, e tentando reagir aos acontecimentos, a Comissão Europeia apresentou esta quarta-feira a sua estratégia para a migração, a qual inclui uma quotização para redistribuir os refugiados pelos Estados-membros.

Este mecanismo terá em conta fatores como o PIB do país de acolhimento, taxa de desemprego, população e número de pedidos de asilo que o país já aceitou. Uma boa notícia, sem dúvida, mas, por outro lado, estará a União Europeia em condições de abrir as portas a milhares de refugiados? 

Uma coisa é certa, não podemos, nem devemos virar as costas ao problema e fingir que nada está a acontecer. Os valores da paz, da democracia, o respeito pelos direitos humanos, os muros que não se devem reerguer, o implementar soluções humanitárias têm de integrar a agenda dos decisores políticos de toda a velha Europa.

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Jorge Faria de Sousa
Natural da Lourinhã, distrito de Lisboa, é consultor na área de Gestão de Resíduos, no setor privado, e está a terminar o curso de Engenharia do Ambiente, no Instituto Superior de Agronomia. Atualmente ocupa o cargo de Presidente da JSD Distrital Lisboa-Área Oeste, desempenha as funções de autarca na Assembleia Municipal da Lourinhã e é membro Assembleia Intermunicipal da OesteCIM.

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