Natal e Visão em Família
O Natal é uma época de família, de partilha e confraternização. Procuramos ter mesas cheias, com as pessoas mais importantes ao nosso lado.
É também uma altura de alguns excessos, quando comemos o que é menos comum comermos ao longo do ano, seja em quantidade seja em tipo. Os doces são, obviamente, parte importante desta época. Por outro lado também consumimos mais frutos secos (pinhões, nozes, avelãs, etc.) excelentes antioxidantes naturais que consumimos tão pouco no resto do ano. Nem tudo é mau…
Porque é Natal resolvi relacionar esta época festiva com a visão, não só no que diz respeito a cuidados mas também curiosidades, começando por estas.
A importância da hereditariedade
Curiosas algumas das mesas de Natal quando olhamos com mais atenção: um nariz mais pronunciado, um cabelo mais ruivo, um remoinho no cabelo mais difícil de domar, ou seja, uma caraterística física comum a muitos elementos, prova de que a hereditariedade molda muito do que somos.
No que diz respeito à visão o princípio é o mesmo. Várias serão as mesas que entre avós, pais e irmãos e primos os óculos serão um elemento em comum.
Não sendo uma inevitabilidade, está demonstrado que a componente genética têm um peso muito importante no aparecimento de uma qualquer ametropia (defeito visual).
Fica a saber, numa mesa de Natal, se muitos tiverem óculos, não se trata já de treinar para o carnaval, apenas de quererem ver melhor onde colocam a colher.
Cuidado com os Doces
Afirmar “Cuidado com os Doces” é um lugar-comum. No que diz respeito à visão, e particularmente importante para quem sofre de Diabetes, esta expressão toma especial importância.
Sabemos que se existe momento para alguns excessos é este mas não podemos deixar de controlar os níveis de açúcar. A Retinopatia Diabética é uma Doença Grave dos olhos, consequência do Diabetes, que deve a todo o custo ser evitada e, se manifesta, diagnosticada e tratada o mais rápido possível.
Por isso já sabe, doces sim, mas com moderação, especialmente se for Diabético.
“É só mais um Brinde”
Beber com moderação é o lema. Todos sabemos quais os efeitos do álcool e as consequências sobre quem conduz.
Particularmente na visão, o consumo de álcool influi, por exemplo, na perceção do contraste, com impacto na noção de profundidade e na distinção do que é escuro e claro. Estes sintomas são ainda mais preocupantes se os associarmos à condução noturna, com uma reação pupilar diminuída, limitando em muito a capacidade de reação perante algum obstáculo que apareça.
Por isso já sabe, se conduzir não beba. E se não conduzir, beba com moderação, não vá tropeçar à saída da porta.
Cuidado com as Lareiras
Não serão já muitos os casos de lareiras abertas, mas alguns daqueles que vão para casas de familiares em zonas mais interiores do país, ainda as encontram. É muito importante uma boa chaminé para evitar concentrações de fumo. Sobre a visão, neste caso concreto sobre o órgão em si, sobre os olhos, o fumo provoca uma reação irritativa, levando à produção de lágrima em excesso para se defender da agressão.
Noites “à lareira” acabam muitas vezes com olhos vermelhos, consequência do ar que ficou mais seco, levando a uma evaporação da lágrima mais rápida. Nos dias seguintes por vezes será necessário a utilização da lágrima artificial até os olhos normalizarem.
“Quentinho” é bom mas com cuidado.
O Brilho nos Olhos
Uma última curiosidade. Existem 3 tipos de lágrima:
– A Lágrima Basal é a lágrima que está a ser permanentemente produzida pelo olho, renovada a todo o pestanejo e que tem como funções principais a lubrificação dos olhos e a proteção, por exemplo, de poeiras. O seu volume está perfeitamente adaptado aos canais lacrimais, por onde é escoada, fazendo com que não estejamos permanentemente a “chorar”;
– A Lágrima Reflexiva como o próprio nome indica, surge em reflexo a uma agressão, a algo que não é normal ao nosso olho, um grão de areia maior que entrou no nosso olho, um vapor que provocou irritação, uma luz muito forte que nos atingiu surpreendentemente. Também a sabores muito agressivos podem provocar o surgimento desta lágrima, como por exemplo o picante. Esta lágrima surge em maior volume que a anterior, não conseguindo ser absorvida na totalidade pelos canais lacrimais, levando normalmente ao “Choro”;
– A Lágrima Emocional. Muito comum nesta altura e não se trata de nenhuma epidemia. Ligada a fortes emoções, espera-se que apenas as Boas a tragam ao de cima nesta época. São o sinal indesmentível de como é bom rever aqueles que durante o ano vemos tão poucas vezes. Os olhos brilhantes dos nossos entes mais queridos são a prova real da emoção que lhes provocamos. Vamos todos valorizar esse brilho e essa lágrima, que pelo seu volume, por vezes escorre pelo rosto sem conseguir ser contida.
É com algum brilho nos Olhos que me despeço desta coluna em 2017. Espero sinceramente que tenha sido útil para aqueles que a leram. Desejo um Feliz Natal junto de quem mais gostam e Ótimas Entradas em 2018. E por último desejo uma Visão Saudável para todos.