
É natural no Natal contarem-se histórias, assim como é comum encontrar algumas ilustrações de Pai Natal com óculos. Juntando estes dois factos, é esta uma boa altura para fazer um pouco de história sobre os Óculos.
A origem das duas partes que compõe os óculos, lentes e armação, é distinta.
Do lado das lentes, muito cedo se percebeu que colocando algo em frente aos olhos, a perceção da realidade se alterava.
Existem registos de cerca de 2200 aC, referindo como um imperador chinês usava lentes fabricadas em cristal de rocha, quartzo ou ametista para observar os astros.
Várias curiosidades existem na história, como a utilização, por Nero, de uma lente de vidro ou de uma esmeralda (conforme as fontes) que cortava a luminosidade para ver melhor as lutas dos Gladiadores (primeiros óculos de sol??).
Como agora, também no passado, era normal os olhos humanos enfraquecerem à medida que as pessoas envelhecem.
As primeiras lentes moldadas surgiram para funcionar como lupa e ajudar a ver ao perto. Na idade média a classe mais letrada era o clero, e foram os monges italianos, no século XIII, que produziram as primeiras lentes exatamente para esse propósito, utilizando como matéria-prima um tipo de quartzo, concretamente o berílio. Eram chamadas de “pedras de Leitura”.
Foi em Itália, Veneza, que surgiu a primeira fábrica que produziu o vidro com as caraterísticas necessárias para ter capacidade refrativa, o vidro macio. É também por isso que se aponta a Itália o berço dos “óculos modernos”. Estas primeiras lentes graduadas tinham que ser montadas em uma qualquer estrutura que se colocasse junto aos olhos e, mais tarde, que se equilibrasse no nariz.
Mas a primeira referência a armações é muito anterior ao século XIII. A referência mais antiga a algo que se pudesse assemelhar a óculos vem de 500 aC, nos textos filosóficos de Confúcio.
Aparentemente a utilização de tais objetos tanto podia estar ligada a um status social mais alto como a alguém com problemas mentais. É pelo menos unânime que estes objetos eram utilizados como adorno e que não tinham qualquer correção.
É muito sintomático a importância que o aro, ou algum objeto que se assemelhasse, tinha na imagem da pessoa. Com o passar dos séculos tal não mudou. Nas suas diferentes formas, “pince-nez”, monóculo ou com hastes, os aros sempre marcaram a personalidade das pessoas. Isto é tão verdade no passado como hoje.
Apesar de referido anteriormente de que Itália é identificada como o país de origem da primeira fábrica de óculos, o primeiro exemplar identificado como tal foi encontrado na Alemanha. O que acontece é que a primeira produção com sucesso é realmente italiana. É reconhecido o engenho comercial deste povo e o gosto pela moda, comprovado logo desde muito cedo.
São curiosas as formas que os óculos assumiram até aos dias de hoje, mas sempre com duas funções, proporcionar melhor visão e melhorar, ou pelo menos vincar a personalidade de quem o usa.
A escolha de uns óculos é sempre algo muito pessoal, seja em que época for, mas na época de Natal também pode ser um ótimo presente… Boas festas.