As obras produzidas por Jéssica Gaspar na residência artística que realizou este verão no âmbito do projeto “RAMA” vão estar patentes na Paços – Galeria Municipal de Torres Vedras entre os dias 18 de dezembro e 5 de março.
Recorde-se que o “RAMA – Residências Artísticas Maceira Alfeiria” é um projeto destinado a artistas, investigadores e curadores nacionais, a funcionar nas aldeias da Maceira e Alfeiria, com o apoio da Câmara Municipal de Torres Vedras, o qual se pretende desenvolver como centro de investigação avançada no campo das artes e no do cruzamento destas com as ciências e a educação. Este ano foi atribuída a primeira bolsa de criação artística no âmbito daquele projeto, à qual puderam concorrer alunos da Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha (que em 2020/2021 tenham sido finalistas da licenciatura ou do mestrado em Artes Plásticas), tendo a mesma sido ganha pela referida criadora.
O trabalho desenvolvido por Jéssica Gaspar como resultado da atribuição dessa bolsa poderá ser observado na exposição Spectacular Instability, a qual será inaugurada no próximo dia 18 de dezembro, pelas 16h00.
Segundo João Silvério, nesta mostra “a artista apresenta quatro obras em formato vídeo, fotografias e uma obra que implica uma relação direta com o espetador. Poderíamos dizer que essa obra é uma síntese do trabalho apresentado em que a dimensão visual, e performativa, nos confronta com a instabilidade do olhar, de perscrutar uma imagem que nunca iremos apreender na sua totalidade em confronto com a presença refletida do contexto em que nos encontramos. As obras em formato vídeo, situam-nos em dois momentos que se contrapõem, porque são, por um lado, fragmentos de paisagens registadas a partir do trabalho de campo situado nas áreas da Maceira e Alfeiria. E por outro lado dois vídeos, realizados em estúdio, centram a nossa atenção sob o processo de transformação de sólidos sujeitos a diferenças atmosféricas. A sua pesquisa concentra uma ideia de paradoxo entre o que é visível de imediato e o que é quase invisível, como uma distopia do olhar sobre mundo em que vivemos, enquanto memória da natureza, e as radicais alterações a que está sujeito. Entre a utopia e uma ideia de melancolia, sobre as condições que podem alterar o nosso modus vivendi e deste modo a sobrevivência e a liberdade”.