
Depois de doze meses de férias numa ilha das Caraíbas, e de uma passagem pelas Termas dos Cucos, os Reis do Carnaval de Torres Vedras regressam hoje à cidade e estiveram à conversa com o Torres Vedras Web. “As pessoas não se aperceberam mas estivemos sempre a ver à distância. Vamos aproveitar para inverter algumas coisas que achamos que não estão bem, pelo menos durante estes dias” esclarece Dona Figurona Periquita Rebolona. Já nas palavras de El Rei Dom Figurão Embatucado do Belo Carrascão “é uma honra e um prazer representar o nosso Carnaval, o Carnaval com que nascemos e onde brincamos desde que me lembro.”
Maquilhagem, pestanas, cabeleiras e vestidos à parte, Pedro Adam e Ricardo Miranda são os torrienses que encarnam as personagens de Reis do Carnaval de Torres há 10 anos. E ao resumir este já longo período de reinado, não têm dúvidas de que “passou a correr.”
“A primeira vez que seguimos para um Corso foi num Sábado, e não fazíamos a mínima ideia do que era ver a Rua Henriques Nogueira completamente cheia de pessoas à nossa espera. Arrepiei-me” conta Pedro Adam, que dá vida a uma Rainha de caracóis doirados, e sempre de abanico na mão. “Uma palavra para resumir estes dez anos? Fantásticos.”
Ao fim de uma década no trono, Ricardo Miranda, o Rei, tem noção que o Carnaval torriense “tem vindo a crescer, as pessoas aderem cada vez mais. É sinal que temos vindo a fazer um bom trabalho, que a nossa festa tem vindo a melhorar de ano para ano.” A chave para o sucesso parece ser unânime. “Ser muito fiel às origens, com as matrafonas e sem figuras públicas, é uma das principais características que contribuem para o sucesso do Carnaval de Torres. O Carnaval é feito pelos torrienses. Essa é a sua essência” sublinha Pedro em pleno Palacete Real, que durante os dias de folia acolhe Suas Altezas.
“Temos muitas histórias, e muitas delas não podemos contar” admite entre risos. Já Ricardo confessa que, no meio do aparato real, “talvez o mais complicado seja gerir as horas que ficamos a dever à cama.” Sim, porque depois dos compromissos de Suas Altezas, quer Rei quer Rainha seguem pela noite dentro com os seus amigos e respectivos grupos de mascarados. “Gostamos de estar em todo o lado, e é claro que isso custa. Sobrevivermos a estes cinco dias é um pequeno milagre.”
Ambos reconhecem que a música que a Osga toca especialmente para eles, no final do Corso de Terça-Feira, é especial. “Arrepia-me porque é tocada por torrienses, por pessoas que gostam do Carnaval de Torres e simboliza o fim.” O fim de seis dias de animação que, acrescenta El Rei, surge com um sentimento de tristeza. “O Enterro do Entrudo chega a ser um momento emocionante. Foi a nossa festa, correu bem, e está tudo a chegar ao fim. Aquela choradeira não faz parte só do figurino, as pessoas estão realmente tristes.”
Depois de 10 anos de reinado, Pedro e Ricardo continuam a ficar impressionados com a alegria e entusiasmo com que são recebidos nas escolas, alguns dias antes do arranque da maior festa da cidade torriense. Querem abraços, tocam-lhes e vêm que são reais. “Um daqueles miúdos vai ser o próximo Rei, a próxima Rainha, vai estar na organização. Vão puxar por este Carnaval que daqui a uns anos não vai estar na nossa responsabilidade, e é muito bom sabermos que está bem entregue.”
Os dois concordam quanto ao que têm a dizer aos foliões torrienses. “Obrigado, vocês são o Carnaval, vocês é que fazem esta festa fantástica. Nós apenas representamos, estamos nos momentos oficiais, e damos o nosso melhor para complementar a festa que são os foliões.” Quanto a nós, resta-nos esperar pelas 22 horas para ver El Rei Dom Figurão Embatucado do Belo Carrascão e Dona Figurona Periquita Rebolona chegarem à Estação de Comboios e seguirem até à Praça da República, onde irá decorrer a sua Entronização.