OesteCim lança plano de salvaguarda e valorização dos moinhos de vento da região
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A Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCim) divulgou hoje o Plano de Salvaguarda e Valorização dos Moinhos de Vento da região, documento que define a estratégia de inovação e preservação daquele património durante os próximos cinco anos.

O plano, apresentado hoje em reunião do conselho intermunicipal, nas Caldas da Rainha, integra-se na ação “Oeste, Moinhos com Futuro”, lançada pela OesteCim para “fomentar uma resposta adaptativa e sistémica destes moinhos aos desafios da modernidade”, através de uma “aposta estratégica musculada na proteção e valorização destes importantes elementos identitários” da região, onde se concentram 876 moinhos.  

O documento, a que a agência Lusa teve acesso, define o objetivo de, “em cinco anos”, o Oeste “ativar e capacitar a comunidade moageira da região, envolvendo-a num processo de cidadania participativa que permita dar continuidade e nova vida aos icónicos moinhos de vento”, garantido “a sua transmissão intergeracional” e conferindo-lhes novos usos.

Visando a preservação dos moinhos, o plano estabelece como meta que, num horizonte de um ano, nenhum moinho seja destruído e que, durante 18 meses, 12 moleiros e 36 aprendizes sejam envolvidos em processos de transmissão intergeracional de saberes. Prevê ainda a criação, num prazo de seis meses, de uma Unidade de Missão “Oeste, Moinhos com Futuro”.

No que toca à valorização (social, cultural e económica) dos moinhos, o plano define como meta a realização de ações em, pelo menos, 12 moinhos de vento, isolados ou em núcleos moageiros, bem como a identificação de casos de boas práticas e soluções inovadoras, num levantamento que decorrerá ao longo de um ano e que será atualizado a cada cinco anos.

O documento, que contempla um vasto conjunto de medidas distribuídas pelos próximo cinco anos, vai ser aberto à consulta da população, durante 60 dias, “para que, não apenas pessoas ligadas aos moinhos, mas todos os cidadãos e a comunicação social possam dar contributos para um Plano de Ação transversal a todo o território, que será depois discutido em mesa redonda antes de ser implementado”, afirmou o secretário executivo da Cim, Paulo Simões.

A consulta estará disponível na página de Internet da OesteCim e “serão disponibilizados formulários para que as pessoas partilhem as suas sugestões”, acrescentou.

O Plano de Salvaguarda e Valorização dos Moinhos de Vento do Oeste foi encomendado pela OesteCim à EtnoIdeia, empresa especializada em Desenvolvimento Rural, Molinologia e Etnoturismo e fundadora da Rede Portuguesa de Moinhos.

Na análise que sustenta o estudo, a empresa refere que o Oeste “concentra, sem qualquer dúvida, o maior número de moinhos de vento prevalentes no nosso país, seja em funcionamento, seja inativos com condições razoáveis de preservação”.

Os 876 moinhos existentes na região representam uma concentração de 0,39 exemplares por quilómetro quadrado, numa escala superior a Lisboa, que na segunda metade do século XVIII contava com 368 moinhos (0,87 moinhos/Km2).

Ao contrário de Lisboa, onde a cintura moageira pré-industrial sucumbiu à modernização industrial, no Oeste, a capacidade moageira “cresceu fortemente e prevaleceu a todas as transformações económicas, tecnológicas e sociais do século XX, rodando ainda velas no segundo quartel do século XXI”, pode ler-se no documento, que considera os moinhos um “importante ativo patrimonial entre os valores culturais endógenos com maior potencial para o desenvolvimento sustentável do território”.

O estudo aponta ainda um padrão de concentração dos moinhos de vento nas zonas de maior altitude, desde o Maciço Calcário até Mafra/Sintra, o que inclui toda a Serra de Montejunto, e junto ao litoral pela elevada exposição aos ventos.

Os moinhos estão dispersos ao longo de todo o território de uma forma generalizada, exceto na zona sudoeste da Lagoa de Óbidos e na zona de transição entre o litoral e a Serra de Montejunto, onde se verificam menos ocorrências.

A par com este plano de salvaguarda, a ação “Oeste, Moinhos com Futuro” integra ainda outras iniciativas, entre as quais a submissão à Direção Geral do Património Cultural (DGPC) de várias candidaturas visando a classificação de moinhos dos 12 concelhos do Oeste como património nacional, admitindo a Cim avançar, no futuro, com uma candidatura à UNESCO.

A Comunidade Intermunicipal do Oeste corresponde à NUT III (Oeste) e abrange os municípios de Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras.

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Agência Lusa
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1 COMENTÁRIO

  1. Mesmo no topo do monte em Concelhos, Freiria (Torres Vedras) existe um moinho que frequentemente está a funcionar. Nao sei se teve alguma adaptação tecnológica ou apenas restauro. Certo que, sempre que funciona, há uma “zuada” no ar por causa dos potes de barro nas velas. O acesso é a pé, apenas com uma entrada/saída o que o resguarda dos ataques mal intencionados.

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