Foi com um concerto mariano de Ano Novo que se realizou este sábado, dia 5 de fevereiro, que chegou ao fim o VI Ciclo de Órgão de Torres Vedras.
“Maria Mater Gratiae” foi como se intitulou esse concerto, o qual foi levado a cabo pelo prestigiado organista espanhol, Angél Hortas Pascual (organista titular da Catedral de Jerez de la Frontera), e pela Capella Vocale Magnificat, tendo o mesmo se constituído como uma homenagem a todas mães e mulheres, bem como à “música no feminino”. Neste concerto intensamente espiritual, a música vocal esteve em diálogo com a música para órgão de várias escolas e épocas, dando-se a experienciar a intensidade composicional de louvor a Maria, mãe de Cristo.
De referir que o VI Ciclo de Órgão de Torres Vedras tivera início em novembro, mês em que às quintas feiras, à hora de almoço, se proporcionaram miniconcertos “à la carte”, nos quais o público pôde escolher o que quis ouvir, a partir de um “cardápio” musical bem variado, num ambiente familiar e informal.
Também em novembro, no dia 21, realizou-se o primeiro concerto desta sexta edição do ciclo de órgão torriense, o qual foi dedicado à padroeira dos músicos – Santa Cecília – e intitulou-se “Paisagens do barroco e do clássico na música para órgão e oboé”. Interpretadas por Luís Marques (oboé) e Daniel Oliveira (órgão e baixo contínuo), as composições que constituíram o programa deste concerto foram da exuberância retórica do barroco à clareza e rigor do classicismo, tendo no mesmo sido possível entender o compromisso perfeito entre o oboé e o órgão.
Já em dezembro, no dia 19, teve lugar o concerto de Natal do Ciclo de Órgão de Torres Vedras de 2021/2022, no qual alunos e professores do Conservatório de Música Luís António Maldonado Rodrigues (da Associação de Educação Física e Desportiva de Torres Vedras) interpretaram desde melodias tradicionais a peças para órgão dedicadas ao Advento e ao Natal. “Um natal pelo mundo” foi como se intitulou este concerto, o qual proporcionou uma viagem por vários países, culturas e tradições, numa homenagem ao verdadeiro significado da quadra natalícia.
Refira-se que nos concertos deste VI Ciclo de Órgão de Torres Vedras, assim como nos miniconcertos “a la carte” do mesmo, verificou-se uma considerável presença de publico. Refira-se também que esses concertos, os quais se realizaram ao final da tarde, em dias de fim de semana, foram devidamente comentados e contextualizados, bem como alvo de transmissão online, tendo-se se registado um elevado número de visualizações digitais dos mesmos, inclusivamente oriundas de países estrangeiros.
Recorde-se que o Ciclo de Órgão de Torres Vedras, um evento que tem como “anfitrião” o órgão histórico da Igreja da Misericórdia desta cidade, construído em 1773 por Bento Fontanes, e restaurado há alguns anos atrás, é uma organização da Câmara Municipal de Torres Vedras e da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras que conta com a parceria das paróquias de Torres Vedras, do Patriarcado de Lisboa, do Conservatório de Música Luís António Maldonado Rodrigues e da Cultur’Canto – Associação Cultural.
Segundo Daniel Oliveira, diretor do Ciclo de Órgão de Torres Vedras, este é um evento que “já faz parte da vida cultural torriense”, sendo que o mesmo “dialoga com a sociedade, com a história e as origens, com repertórios de várias tradições e épocas, bem como faz pontes entre o ligeiro e o clássico, o antigo e o contemporâneo, sempre em nome de uma cultura de todos e para todos”. Trata-se de uma iniciativa “com dinamismo, boa energia, que valoriza e honra o património histórico da Cidade, sensibilizando e dando a conhecer junto do grande público o património, músicos, compositores, estilos e estéticas”. Também segundo as palavras do diretor do Ciclo de Órgão de Torres Vedras, este ciclo “face à pandemia, manteve-se regular e sempre com uma preocupação em levar musica de qualidade ao público, presencial ou virtualmente, levando também o património histórico torriense além-fronteiras”. “Que a música seja sempre um alimento salutar da nossa sociedade, que transforme e humanize cada vez mais o nosso mundo”, afirma, em conclusão, Daniel Oliveira.