Plataforma para ajudar a reflorestar oceanos vai testar métodos na costa portuguesa
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Os responsáveis da plataforma estimam que a reflorestação marinha pode ser quatro a cinco vezes mais barata do que a reflorestação dos ambientes terrestres.

Biólogos e empresários estão a criar em Portugal uma plataforma para promover a “reflorestação” de algas nas zonas costeiras, preparando-se para fazer os primeiros testes ainda este ano em quatro locais da costa portuguesa.

O projeto “Sea Forester” foi apresentado em Lisboa no âmbito da conferência internacional Dia Marítimo Europeu, uma iniciativa anual da União Europeia sobre assuntos marítimos e economia azul (atividades ligadas ao mar) este ano realizada em Portugal.

Francisco Saraiva Gomes, empresário ligado à indústria da aquacultura nos Estados Unidos e cofundador da plataforma, explicou à Lusa que o objetivo é promover a recuperação das florestas marinhas de macroalgas, juntando informação, investidores e especialistas.

“O nosso objetivo é tentar ajudar os esforços que estão dispersos a nível mundial de promoção da reflorestação da orla marítima”, disse.

Essa “desflorestação”, acrescentou, “é uma das maiores tragédias” ambientais que acontece todos os dias, mas que não se vê. “Para dar uma ideia estima-se que entre 30% a 40% de todas as florestas marinhas tenham desaparecido nos últimos 50 anos. E se essas estimativas forem corretas estamos a falar de uma área do tamanho da Índia”.

O responsável frisou que as macroalgas são um ecossistema “extraordinariamente benéfico”, seja para o clima porque combate o aquecimento global, seja pela eficiência em capturar carbono, seja pelo combate à acidificação global dos oceanos e remoção de poluentes.

“Mas não há recursos, ninguém toma esta bandeira e não há fundos especializados para estes esforços. Os esforços de investigação estão muito desconectados”, lamentou Francisco Saraiva Gomes, acrescentando que a reflorestação marinha é algo novo, ao qual falta o desenvolvimento de tecnologia eficiente.

Ainda assim, acrescentou à Lusa, apesar das questões logísticas, de biologia, de tecnologia, os responsáveis da plataforma estimam que a reflorestação marinha pode ser quatro a cinco vezes mais barata do que a reflorestação dos ambientes terrestres.

Segundo Saraiva Gomes já há projetos de repovoamento de orlas marítimas na Austrália, no Japão, na Coreia do Sul, enquanto no Atlântico Norte, na Noruega, em Portugal, nos Estados Unidos e no Canadá, “começa a haver uma comunidade científica muito forte que começa a dar os primeiros passos para a reflorestação do ambiente marinho”.

Inês Louro, bióloga marinha e diretora técnica do projeto, explicou à Lusa que em Portugal estão definidas quatro zonas – Matosinhos, Sines, Peniche e Sagres – para testar várias metodologias de reflorestação, “porque não há ainda muitos dados nem informação e a ideia é ver o que é que funciona melhor com as espécies de algas que existem em Portugal”.

De acordo com a bióloga, o projeto começará ainda este ano.

Francisco Saraiva Gomes afirma que é preciso investir em tecnologia para “tentar dar uma mãozinha ao planeta” e é preciso apoiar as tecnologias de reprodução e seleção de algas.

Mas a “Sea Forester”, na verdade, não tem vocação para executar projetos, querendo mais ser “um agregador e distribuidor de recursos”. O responsável resume assim a ideia para a plataforma: “Idealmente seria uma plataforma que consegue angariar recursos de capital, de dados, de informação e de mais valia científica e técnica, e depois distribuir esses recursos por vários projetos de reflorestação marinha espalhados pelo mundo”.

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Agência Lusa
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