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Foi em 1980 que Torres Vedras viu nascer, pelas mãos de Horácio Nascimento, a Soerad, empresa que até aos dias de hoje continua a ser referência no sector da saúde. Mas foi há quase três anos que a empresa resolveu “dar outro passo”, e inaugurou o Hospital Soerad, num moderno edifício próximo ao que já era conhecido por todos. “A nossa intenção, há muitos anos atrás, não era caminhar para uma unidade hospitalar mas sim ter um espaço onde os utentes pudessem realizar todos os exames de que necessitam” explica Rui Silvério, administrador da empresa.

“Há cerca de oito anos verificámos que a população tinha outras necessidades, e foi quando começámos a pensar numa unidade hospitalar.”  Os conceitos são diferentes e Rui explica o que mudou. “O paradigma muda muito quando se passa de uma unidade de ambulatório para uma unidade hospitalar, temos mais oportunidades para desenvolver.” Oportunidades que se revelam em momentos mais críticos, como os picos de gripe e de infecções respiratórias, e que levaram a uma parceria com o Hospital Fernando da Fonseca, na Amadora, no último Inverno. “Fizemos um contrato de 12 camas durante três meses, para poderem ter mais disponibilidade na unidade deles” explica o administrador.

Rui Silvério fala, pois, num “balanço positivo” que justifica através da abrangente capacidade de resposta fornecida pelo Hospital. “A diferença para as outras unidades é que neste momento somos uma unidade hospitalar que pode dar resposta a 90% dos problemas da população.” A ausência de uma unidade de cuidados intensivos ou de neurocirurgia cerebral levou ainda que fosse celebrado um acordo com o Hospital dos Lusíadas, em Lisboa, de modo a que os casos “mais complexos” possam ser reencaminhados.

“Felizmente temos vindo a crescer, o crescimento mais acentuado foi no ano passado” diz, ao pensar nos anos que separam os dias de hoje do arranque da nova etapa da vida deste empresa torriense. Confessa que, à época, “as condições económicas eram outras, o país era outro… Tivemos de nos adaptar à nova realidade, foram muitas coisas impostas pelo Ministério, mas acabámos por fazer o nosso percurso tentando colmatar essas necessidades que a população tem.”

Uma relação saudável com o SNS

“Felizmente nós, com as últimas administrações e com esta também, somos complementares” avança, falando sobre a relação entre a Soerad e o Centro Hospitalar do Oeste. Segundo Rui Silvério, o protocolo que existe entre as duas unidades permite um trabalho articulado em prol dos utentes. “O maior apoio que damos é na área da gastroenterologia. E também ajudamos quando necessitam de outros tipo de exames, desde TAC a ressonância. O trabalho major é feito por eles, nós damos apoio em algumas coisas específicas” adianta.

"Somos uma unidade hospitalar que pode dar resposta a 90% dos problemas da população" diz Rui Silvério, administrador da Soerad
Rui Silvério fala num “balanço positivo” que justifica através da abrangente capacidade de resposta fornecida pelo Hospital Soerad.

O administrador aponta ainda uma “dificuldade” do Centro Hospitalar. “Como ainda é um dos poucos com administração puramente pública, tem regras muito específicas. Não conseguem fazer contratações” explica, adiantando que a empresa que lidera participa nos concursos públicos que são promovidos para a realização de determinados exames médicos.

“Temos 50 camas em cuidados continuados. A resposta mais próxima que temos é na Encarnação, em Mafra, e existem cada vez mais pessoas a necessitarem desse tipo de cuidados de saúde” aponta, lembrando o protocolo assinado com a Rede Nacional de Cuidados Continuados. “Como na região existe uma grande carência e muitas pessoas à espera de vaga, conseguimos celebrar o acordo com eles.”

E se a aposta nos cuidados continuados tem sido cada vez maior, os meios complementares de diagnóstico continuam a ser o core business desta empresa. “Esses meios são cada vez mais tecnológicos. Na área da gastro investimos em equipamentos topo de gama e cada vez mais as pessoas querem fazer rastreios e exames de diagnóstico do cancro do cólon.” A importância dos meios complementares de diagnóstico revelam-se, precisamente, em situações deste tipo. “Infelizmente temos apanhado cada vez mais a patologia do cólon. Como são apanhados em períodos cada vez mais precoces, têm tratamentos mais eficazes.”

Um horizonte de projectos

“Estamos a lançar uma rede de parcerias com as clínicas privadas locais no sentido de potenciar sinergias” avança Rui Silvério, quando a conversa se centra sobre o futuro da Soerad. Fala de uma parceria que “pretende estreitar relações com as clínicas que têm muitas vezes uma relação quase familiar com os utentes e disponibilizar-lhes acesso ao nosso vasto leque de valências com valores diferenciados e mais vantajosos, obviamente.” Vantagens que, sublinha, se estendem ainda ao bloco operatório, “infraestrutura de que estas clínicas geralmente não dispõem e da qual faremos cedência em condições especiais.” A empresa irá disponibilizar uma linha telefónica para o atendimento destes novos parceiros e o administrador adianta que “muito em breve estaremos em condições de conseguir facilitar o acesso a informação clínica dos seus pacientes, se estes o autorizarem.”

Com novos projectos no horizonte, Rui Silvério avança. “Estamos dentro da linha que perspectivámos e estamos à espera das novas políticas deste Governo. Ainda está um pouco indefinido o que vai acontecer, mas estamos confiantes.” Com o resto da legislatura pela frente, surgem dúvidas no caminho desta empresa. “Nós fazemos SIGIC, que é um programa de combate às listas de espera, e neste momento o Ministério mandou suspender esse protocolo. Pensamos que vai que reabrir em Outubro, Novembro… Mas com as politicas que o Governo tem, não sabemos o que vai ser o nosso futuro nem o que nos espera” confessa, em jeito de desabafo. “Esperemos que o Ministério tenha a lucidez de saber que a população precisa de cuidados de saúde e que não existe resposta. Já não falo no resto, mas que eles pensem na população.”

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Rita Alves dos Santos
Jornalista. Natural de Torres Vedras. Licenciada em Ciências da Cultura na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Pós-Graduada em Jornalismo Multiplataforma. Mestranda em Jornalismo da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

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