
A Estufa – Plataforma Cultural apresenta, este ano, mais uma edição do Laboratório de Dança Contemporânea, projecto que dinamiza desde o arranque das suas actividades. O LAB 6 traz a coreógrafa Marina Nabais à cidade torriense, promovendo dois workshops já este Sábado, dia 21, no espaço da Escola de Dança Movimento. “Será uma primeira aproximação ao universo criativo desta coreógrafa” explica Magda Matias, Coordenadora do Serviço Educativo da Estufa.
Isto porque a Associação promove uma residência artística com a coreógrafa durante as duas primeiras semanas de Setembro. Assim, enquanto um dos workshops se destina ao público em geral – consistindo numa curta formação em dança contemporânea -, o outro orienta-se a quem pretende integrar o processo de criação do espectáculo que será apresentado em Setembro. O desafio está lançado a “toda a população” que queira integrar o projecto entre 28 de Agosto e 16 de Setembro, e que irá originar um espectáculo a ser apresentado no Teatro-Cine de Torres Vedras.
“Tentamos trazer os melhores coreógrafos a nível nacional ou coreógrafos emergentes mas já conceituados na cena artística nacional.” A par de Marina Nabais, disso são também exemplo Tânia Carvalho e Marco da Silva Ferreira, que já estiveram na cidade no âmbito deste laboratório, e que foram, no último ano, dois dos três coreógrafos portugueses com mais internacionalizações. “Demonstra a importância e o critério com muita consistência em relação aos coreógrafos que escolhemos para residir em Torres Vedras” acrescenta Magda Matias.

A responsável da Estufa fala de uma actividade de “pendor duplo”, que alia a criação artística e a comunidade. “Por um lado funciona como uma bolsa artística a um coreógrafo, por outro como projecto comunitário porque possibilita que a população faça, de forma gratuita, esta residência artística com a coreógrafa e a criar com ela um espectáculo de raiz.” Partilha, dedicação e disponibilidade parecem ser as palavras-chave para os 15 cidadãos que irão integrar a residência artística, já que “os coreógrafos têm encarado estas pessoas como profissionais.”
O sucesso das edições anteriores faz com a Associação saiba que, todos os anos, os participantes ficam com vontade de voltar a repetir a experiência, havendo quem marque férias para aquele período, não deixando escapar a oportunidade de integrar este projecto. Magda Matias salvaguarda, no entanto, que Marina Nabais irá articular os sucessivos ensaios com todo o grupo, de modo a que, mesmo quem tenha de cumprir o horário laboral, possa ensaiar e integrar o espectáculo. “Não se trata tanto da disponibilidade de horário, mas da disponibilidade mental e a força de estar e de se pensar que se vai estar em palco” acrescenta.
“Os laboratórios têm-se caracterizado por uma grande heterogeneidade de participantes”, que vão desde crianças de dez anos a “engenheiros informáticos de 50 anos que vinham de Mafra todos os dias.” As últimas edições estiveram “completamente esgotadas”, com mais de 30 pessoas a participar na residência, no workshop e em palco. E Magda Matias não tem dúvidas de que se trata de uma experiência “muito enriquecedora e muito positiva porque as pessoas estão muito tempo juntas, têm um objectivo em comum e funcionam como uma comunidade.”
“Para nós é importante a formação de público, e o laboratório funciona muito bem nesse aspecto” adianta a Coordenadora do Serviço Educativo da Estufa. Aqui forma-se público de dança contemporânea, não só através de quem participa nas actividades, mas como de toda a população que assiste ao espectáculo que marca o encerramento do laboratório. “A dança contemporânea é contemporânea porque tem um lado de criação de inúmeras possibilidades. É um universo em construção” explica, justificando algum tipo de resistência em relação a esta corrente artística.
“Há um universo de coreógrafos muito interessante. Felizmente Portugal está bem a nível da dança contemporânea.” Por isso, avança, “ainda temos muito terreno por desbravar.” Para já, destaca o carácter “intimista e o trabalho mais personalizado” que caracterizam Marina Nabais. “Acho o seu trabalho muito poético, diferente.” Foi uma peça em que a coreógrafa utilizava fios com amplificação de som que interagiam com o corpo que fascinou Magda. E será esse conceito de linhas que percorrem e cruzam o palco que também estará presente neste laboratório de dança torriense. “Achei que era um conceito interessante a explorar.”
A Estufa, fundada em 2010, conta com diversas oficinas e ateliers – as oficinas de expressão artística contam com cerca de 100 alunos -, além da reconhecida Escola de Dança Movimento, que promove o ensino da dança contemporânea. Esta associação cultural sem fins lucrativos encontra-se ainda a preparar a mudança da sede para as novas instalações, na antiga Moagem Clemente (ao lado do novo espaço da Biblioteca Municipal), a 28 de Maio. O futuro avizinha-se, por isso, risonho. Quanto aos laboratórios de dança, Magda garante. “É para continuar, sem dúvida. Para o ano cá estaremos.” E deixa o convite. “Quem não pode participar nos workshops, que apoie este projecto com a sua presença na estreia do espectáculo a 17 de Setembro.”