Localizado logo depois do Parque Verde da Várzea, numa das zonas nobres da cidade, o Clube de Ténis de Torres Vedras já tem uma longa história de actividade. “Começou por um grupo de amigos que se juntava para jogar ao fim-de-semana em Santa Cruz. É aí que está a génese do Clube” conta José Freitas, Presidente, sobre o início desta associação torriense em 1988. Contudo, seria quatro anos depois que os primeiros campos de ténis começavam a nascer no sítio onde actualmente se encontram.
“Quando o clube começou aqui, em 1992, fez-se logo uma escola de ténis que durante cerca de cinco anos funcionou com pouco mais de dez alunos e um professor.” O desejo de crescimento levou à ambição “de fazer uma escola menos amadora”, disparando o número de alunos para uma centena. “Na génese deste clube estão pessoas que gostam de desporto, que têm jeito para jogar ténis, que gostam deste tipo de convívio e que gostam de ser diferentes” explica, no meio de uma sala repleta de fotografias de torneios e convívios que percorrem diferentes gerações. “Tenho uma máxima que poderia aplicar à história deste clube: ser bom é fazer as coisas bem feitas, mas ser excelente é fazer aquilo que deve ser feito e assumir desafios.”
Desafios que andam de mãos dadas com o crescimento do Clube de Ténis, que hoje conta com cerca de 520 sócios e mais de 100 alunos, dos quais 90% são jovens até aos 18 anos. “Neste momento já temos uma aprendizagem social, de competição, de alta competição, temos classes colectivas, individuais, de aperfeiçoamento…” José Freitas lembrou ainda uma das “grandes apostas” formativas, com aulas para crianças a partir dos quatro anos. “O que caracteriza este clube é a vontade de fazer sempre mais, mais e mais. Tem sido sempre a crescer.”
Formação desportiva e cívica
Desde o seu início que o Clube de Ténis de Torres Vedras é inscrito na Associação de Ténis de Lisboa e na Federação Portuguesa de Ténis, levando os seus atletas a participar em provas a nível nacional. “Os estatutos do clube dizem que a nossa finalidade é fomentar o desporto em geral e o ténis em particular, e nós seguimos isso à risca.” Por essa razão, todos os alunos são federados, o que José Freitas considera ser fundamental para o poder da modalidade e para uma maior “facilidade de formar atletas e campeões.”
“Saem daqui miúdos muito bem formados. Os nossos professores, tirando o director da escola, são todos ex-alunos e ex-atletas do clube e são daqui do concelho” sublinha, lembrando que por esta casa já passaram vice-campeões nacionais individuais, campeões nacionais de pares e campeões nacionais por equipas de sub-12. “Se aparecerem talentos nós aproveitamos e fazemos deles campeões, se não conseguirmos fazer campeões no ténis fazemos campeões como pessoa. Isso é uma regra do clube.” Disso é exemplo o programa de bolsas de estudo para jovens com dificuldades económicas, em que atletas e encarregados de educação têm de assinar um documento em como o aluno se compromete a ser “uma referência”.
“Queremos que sejam desportistas honestos, que aprendam com as derrotas e que fiquem contentes com as vitórias, sem ficar demasiado deslumbrados. Queremos formar pessoas, jogadores, exemplos.” Com esse objectivo sempre no horizonte, o dirigente não tem dúvidas de que “é muito importante para os pais saberem que fazemos parte da oferta desportiva, recreativa e de tempos livres para os miúdos.”
Um futuro de crescimento
O recinto, envolto por relvado e diversa vegetação, conta com oito campo de ténis, cinco dos quais são iluminados, e dois de mini ténis. “Estamos bem equipados mas não estamos satisfeitos.” O desejo de crescimento em “qualidade e quantidade” parece, por isso, estar indissociável da cobertura de três campos que está no horizonte. “Com a chuva, ao longo do ano, há muita perturbação da actividade e é um problema grave para nós” diz, contando como os alunos ficam, muitos dias, sem hipótese de ter aulas. “Queremos ter muito mais alunos, uma escola ainda mais profissional e estabilidade.” Em causa está um projecto que ainda engloba a construção de dois campos de paddle.
Para crescer, também a estabilidade financeira se revela fundamental. “Com a cobertura de três campos garantimos uma continuidade ao longo do ano, quer de aulas, quer de torneios, quer de jogos, o que vai trazer retornos financeiros.” No entanto, José Freitas sublinha que os alunos vão continuar a ser os principais beneficiados. “Se conseguirmos mais dinheiro, é nosso compromisso devolvê-lo aos alunos. Vamos investir em transportes e em aulas grátis.” A par disso, o objectivo já está traçado para daqui a três anos. “O número mágico é 50%. Em campos, em alunos, em campeões e em equipas.”
José Freitas destaca “a beleza e enquadramento” de um espaço que é “aberto a toda a gente.” Sublinha os diversos protocolos com escolas que vão do 1º ciclo ao ensino secundário, assim como as hortas comunitárias que ali existem. E conclui. “Acho que Torres Vedras deve ter orgulho em ter um Clube de Ténis.”