O Bloco de Esquerda de Torres Vedras aprovou, em plenário realizado no passado dia 8 de abril, a formalização da sua candidatura às eleições autárquicas. Serão apresentadas aos eleitores torreenses duas listas, à Câmara Municipal e à Assembleia Municipal.
A lista à Câmara Municipal será liderada por Rui Matoso, sendo a lista à Assembleia encabeçada por João Rodrigues, os restantes lugares serão ocupados por militantes do bloco, ativistas e apoiantes das causas defendidas pelos bloquistas.
O objetivo, e mote fundamental da candidatura é VAMOS METER O BLOCO LÁ DENTRO, NA CÂMARA E NA ASSEMBLEIA, contribuindo assim para a construção de uma CIDADANIA VIVA no município, através da defesa da DEMOCRACIA PARTICIPATIVA na administração, nas instituições e nos serviços públicos.
Tal objetivo é, segundo Rui Matoso, «viável devido a dois fatores principais; o primeiro prende-se com as sondagens positivas do Bloco de Esquerda a nível nacional, mantendo-se como terceira maior força política, sendo reconhecida a sua competência e capacidade política na resolução dos problemas do país. O segundo, porque em Torres Vedras o BE têm-se posicionado como elemento anti-hegemónico, propondo uma outra visão de governância municipal e defendendo um maior incentivo à participação cívica, crítica e criativa dos cidadãos em todos os domínios da política e da administração local, pois é esse o papel do Estado: favorecer o desenvolvimento local com cidadãos autónomos e ativos na vida pública. Só com cidadãos política e socialmente despertos podemos evitar futuras crises forjadas pelo neoliberalismo!».
O Bloco de Esquerda de Torres Vedras vem nos últimos anos combatendo uma visão conservadora do poder local nas áreas da cultura, ambiente e espaço público, pouco digna de uma esquerda socialista e que se pretende progressista. Na área da cultura defendemos que não basta construir ou remodelar edifícios, é preciso reformular as instituições culturais de modo a revitalizar a vida cultural num sentido plural e diverso. Desde logo, propondo a criação de um Conselho Municipal de Cultura e reforçando as práticas comunitárias no seio dos equipamentos culturais. No sector ambiental, mais recentemente lançámos uma campanha e uma carta aberta sobre o uso e abuso do herbicida Etizol em Torres Vedras, lutámos contra o abate e a poda radical de árvores. E continuaremos a lutar para que estas más práticas ambientais sejam banidas do concelho, pois não entendemos como pode uma câmara municipal vangloriar-se de prémios “Green” que não corresponderem a uma ética ambiental digna do século XXI.
A valorização da cidadania e da soberania popular, tal como concebe a Constituição da República Portuguesa, só poderá ser desenvolvida com políticas e medidas concretas que vejam no “Direito à Cidade” (consagrado na Carta Mundial do Direito à Cidade – V Fórum Social Mundial, 2005), uma capacidade de garantir direitos básicos a todos, promover a inclusão e a participação. Neste contexto, o bloco e um conjunto de jovens ativistas organizou já a primeira Assembleia popular / Assembleia da Batata[1] (Praça Machado Santos), que visa fomentar a participação social, artística e cívica do espaço público enquanto espaço comum da cidadania e do pluralismo democrático. Contrariando assim a tendência de monopolização do espaço público por empresas de eventos e pela administração local. É que a cidade é de todos, e a cidadania quer-se viva!
RUI MATOSO, 46 anos
Professor universitário, ativista e gestor cultural. É investigador membro da European Communication Research and Education Association e elemento fundador da Universidade Popular de Torres Vedras. É dirigente do Bloco de Esquerda de Torres Vedras e coordenador do manifesto para as políticas culturais municipais do BE.
JOÃO RODRIGUES, 63 anos
Técnico Desenhador e funcionário público no SMAS de Torres Vedras. É dirigente do Bloco de Esquerda de Torres Vedras.
[1] https://www.facebook.com/assembleiadabatata/