
O Palácio Nacional de Mafra completa, no próximo ano, 300 anos de história. Mas a verdade é que, centenas de anos volvidos, o monumento, composto pela basílica e pelo convento, ainda não está acessível a cidadãos com mobilidade reduzida. Esse foi o motivo para a visita de Salvador Almeida, esta Sexta-Feira, àquele ícone do Oeste, de modo a sensibilizar as entidades responsáveis para o efeito. Os membros da Associação Salvador foram recebidos por Mário Pereira, Director do Palácio, que avançou que o projecto de adaptação da acessibilidade deve ser posto em marcha até ao final do ano. “Ficamos muito contentes que haja esse compromisso de que para o ano possamos vir aqui visitar o monumento na sua plenitude” disse Salvador, em conversa com o Torres Vedras Web, no final da visita a um dos claustros a que foi possível aceder.
“É com agrado que vos recebo aqui e com desagrado que não vos posso convidar a visitar o Palácio.” Mário Pereira recebia, desta forma, a comitiva. “É bom saber que os responsáveis estão bastante sensibilizados para esta temática” viria a apontar Salvador, lembrando que já existem casas de banho adaptadas naquele espaço. “E está prevista a colocação de elevadores para que todas as pessoas possam visitar.” Além de um bolo de aniversário, a Associação entregou ainda uma carta ao responsável do Palácio em que, depois de felicitar o monumento pelos seus 299 anos, faz votos para que “dentro de um ano, no seu 300º aniversário, o Palácio seja acessível a TODOS os portugueses.”
O Palácio de Mafra parece ser apenas um dos muitos monumentos nacionais a que nem todos os cidadãos podem aceder. “A grande maioria não é acessível. Não é só o problema dos museus nem dos espaços culturais, mas também a nível das cidades” explica Salvador. “Se quisermos entrar aqui em algum restaurante acessível, é um 31 para o encontrar.” Restaurantes ou cafés, estabelecimentos públicos ou privados, as dificuldades para entrar em estabelecimentos ou serviços parece estar em cada esquina. “Às vezes são pequeninas mudanças, uma pequena rampa ou um pequeno desnível, que proporcionam a acessibilidade a todos.”

Adaptar as condições de acesso a edifícios como este “depende sempre da tutela e às vezes demoram muito a agir.” Salvador Almeida lembra um direito que nem sempre está assegurado para todos. “Sobretudo numa altura em que a população com deficiência anda cada vez mais na rua, quer fazer uma vida igual à de qualquer outro cidadão e cada vez temos mais turistas com incapacidades.” Só na Europa, lembra, são cerca de 130 milhões de pessoas com mobilidade reduzida, o que também se reflecte no crescimento do turismo sénior. “É uma fonte de receitas enorme” aponta, para logo salvaguardar. “Mais importante do que isso é respeitarmos os direitos de todos os cidadãos e as pessoas com deficiência não serem tratadas como portugueses de segunda linha.”
Em pleno século XXI, será que estamos no bom caminho? “Eu sou uma pessoa optimista por norma, mas estamos no bom caminho há 20 ou 30 anos…” Para Salvador, passar à acção parece mesmo ser a solução mais eficaz. “Falta sempre passar das palavras às acções.” No Palácio Nacional de Mafra, os estudos estão feitos e parece já existir uma verba destinada às acessibilidades no orçamento do próximo ano. “É um projecto prioritário tendo em conta as comemorações do próximo ano” assegurou Mário Pereira, que prevê que o arranque da obra se faça em Dezembro e que se prolongue por cerca de cinco meses. Quanto a Salvador, não tem dúvidas. “Esta questão das acessibilidades é prioritária. E o bom caminho é não deixar para amanhã o que se pode fazer hoje. “