Os autarcas do Oeste já pediram que o Governo decida rapidamente onde construir o aeroporto.
A Assembleia Municipal de Torres Vedras aprovou ontem propor às regiões a norte do Tejo e ao Governo que voltem a defender a localização da Ota, em Alenquer, para o aeroporto de Lisboa.
A moção, apresentada pelo PS e aprovada por maioria com duas abstenções, e a que a agência Lusa teve acesso, alerta para os impactos da avifauna na aviação, apontados entre os impactos ambientais negativos do Montijo.
O documento sublinha que “todas as previsões de crescimento [do aeroporto] da Portela estão ultrapassadas” e o aeroporto dentro da capital “rebenta pelas costuras” e afasta turistas.
A Assembleia Municipal de Torres Vedras refere ainda “o rol de investimentos” por realizar prometidos às regiões do Oeste e da Lezíria do Tejo, depois de o Governo de José Sócrates ter abdicado da construção do aeroporto na Ota, no distrito de Lisboa.
A moção vai ser enviada às comunidades intermunicipais do Oeste, Médio Tejo, Lezíria do Tejo e da região Centro, assim como aos respetivos municípios e aos ministérios do Ambiente e das Infraestruturas.
O administrador da ANA – Aeroportos de Portugal Francisco Pita admitiu, em Ponta Delgada, nos Açores, que o aeroporto de Lisboa “perde 1,8 milhões de passageiros por ano”, dada a atual lotação daquela infraestrutura aeroportuária.
Francisco Pita reafirmou que o aeroporto de Lisboa deverá chegar este ano ao recorde de 29 milhões de passageiros, mas que “perde 1,8 milhões de passageiros por ano”, enquanto não existir outra solução, como a que se prevê para 2022, data estimada para a abertura do aeroporto complementar no Montijo.
Os autarcas do Oeste já pediram que o Governo decida rapidamente onde construir o aeroporto.
“Para nós, a melhor [localização] seria a Ota. Não sendo a Ota, que seja o Montijo, mas que seja tomada a decisão de uma vez por todas e que se avance rapidamente na construção do novo aeroporto”, afirmou à agência Lusa Pedro Folgado, presidente da Câmara de Alenquer e da Comunidade Intermunicipal do Oeste.
A localização do aeroporto internacional de Lisboa na Ota esteve prevista pelo Governo entre a década de 1960 e o ano de 2008, tendo a discussão em torno da infraestrutura aeroportuária estado mais acesa durante os governos de António Guterres e José Sócrates.
Em janeiro de 2008, o Governo chefiado por José Sócrates abandonou a opção Ota e escolheu Alcochete, após um estudo coordenado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil, que indicava como mais favorável a localização do Campo de Tiro de Alcochete.
Dezasseis câmaras municipais da zona Oeste e da Lezíria assinaram o chamado Plano de Ação do Oeste, que contemplava investimentos na ordem dos 2,1 mil milhões de euros até 2017, para compensar os municípios pela deslocalização do futuro aeroporto de Lisboa da zona da Ota (Alenquer) para o campo de Tiro de Alcochete.
O acordo foi assinado com os 12 municípios do Oeste (Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras) e mais quatro da Lezíria do Tejo (Santarém, Cartaxo, Azambuja, Rio Maior).