Rui Drumond:
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O ano de Rui Drumond não podia prometer mais do que aquilo que já promete. A preparar o seu primeiro trabalho de originais e com a semi-final do Festival da Canção no próximo mês, o artista torriense esteve à conversa com o Torres Vedras Web, onde olhou para o seu percurso no mundo da música e falou do álbum que está para sair. “Às vezes as pessoas dizem que levei tanto tempo, mas não me arrependo de nada porque trabalhei muito e tive muitos projectos durante estes 13 anos.” Foi em 2003 que participou na Operação Triunfo, concurso da RTP em que chegou à fase final, alcançando o sexto lugar. Desde aí que o caminho foi “tremendo” e o ritmo parece não abrandar tão depressa. “Desde a televisão, a Eurovisão, o The Voice Portugal… Foi tanta coisa em que aprendi imenso. Tem sido fantástico, não me posso queixar.”

O torriense é um dos 16 intérpretes que integram as semi-finais do Festival da Canção, que irá decidir qual a canção representante de Portugal no Festival da Eurovisão, que decorre em Maio na Ucrânia. “É um sonho alcançado no sentido de ir ao Festival sozinho” explica, lembrando a participação ao lado de Luciana Abreu em 2005. “Não é a mesma coisa. Era um miúdo novo e fomos convidados, não houve aquelas selecções.” O teu melhor é o título do tema que apresenta a 19 de Fevereiro e que conta com música e letra de Héber Marques dos HMB. “É uma parceria que já gostava de ter há algum tempo. É um compositor fantástico. Acabei por ter um 2 em 1: tenho um tema dele e vou ao Festival da Canção” explica. “É mais uma coisa boa a acontecer. Talvez seja um bom presságio, já que estou a gravar o meu trabalho.”

À vitória do The Voice seguiu-se Parte de Mim, um álbum de versões que continha um original, com o público a perguntar por um trabalho em nome próprio .”Finalmente vai chegar” conta. Guardo-te aqui é o primeiro original de Drumond e um dos temas que compõem o álbum. “Quando o tema chega às pessoas, o feedback é muito positivo. Agora falta chegar muita gente… Para isso é preciso as rádios e para chegar aí é preciso mais ajuda. Sozinho, às vezes, é complicado.” Se assim não fosse, não tem dúvidas de que tudo poderia ser diferente. “Se não estivesse sozinho e tivesse um agente que gostasse imenso de mim e uma grande editora a apoiar-me, isto já tinha acontecido há dois ou três anos atrás.” A determinação e a ambição focam-se, agora, a curto prazo. “Está tudo a acontecer este ano… Talvez 2017 seja realmente o meu ano. Ou o início.”

“Há outro tema que já está para sair, com letra da Joana Alegre. Queria que fosse no início de Fevereiro mas se calhar já não vai ser porque falta o videoclip. Isso tudo depende de mim, não tenho ninguém a tratar disso.” Afinal, este é um investimento que “sai do bolso” do artista, que neste momento trabalha sem editora e, que por isso, reconhece a necessidade de esforço e trabalho extra. “É claro que está a demorar mais tempo, estou a trabalhar com um grande amigo meu, o Miguel Camilo, que é produtor… As coisas têm estado a correr bem” conta. “Estou a continuar a compor e espero que em Abril consiga ter o trabalho pronto para lançar. Agora depende daquilo que consigo fazer sozinho. Mas que vai sair… Vai.”

Um percurso que não esquece as raízes

Torriense “de gema”, foi na sala do Grémio Artístico Torreense que Rui Drumond gravou o videoclip do primeiro tema original. “Primeiro, por ser em Torres Vedras. Segundo, porque precisava de um espaço daquele estilo. Precisava de um espaço vazio à frente com aquele soalho e um piano antigo. E depois porque conheço as pessoas que trabalham no Grémio há muitos anos e os amigos é que ajudam nestas alturas.” As razões para a decisão parecem ser óbvias. “Não seria tão bom se fosse noutro local, em Lisboa e com outras pessoas, porque é diferente. O espírito é outro. Estou inteiramente grato ao Grémio” afirma o músico, que não esquece Santa Cruz nem o Carnaval torriense. “Vivi aqui a maior parte da minha vida. Cresci e estudei aqui. Morava ao pé da Conquinha, da Padre Francisco Soares e da Madeira Torres e nem saí desse círculo, andei sempre aqui na escola”, lembra.

“Não saía daqui nem sentia vontade de sair para mais lado nenhum.” Algo que mudou quando quis entrar no mundo da música, fase em que “precisamos de correr riscos e de sair deste circulo, se não não nos conseguimos safar.” A Operação Triunfo e os estudos na Escola de Jazz do Hot Club levaram-no para Lisboa. A vitória do The Voice Portugal, em 2014, havia de trazer um contrato com uma editora e a aproximação às novas gerações. “Houve uma nova janela que me deu um novo fôlego para continuar a fazer o meu trabalho.” E mesmo depois desta vitória, Torres Vedras parece continuar a ser a base. “Tem importância e vai ter agora outra vez no Festival da Canção. Espero ter essa ajuda dos torrienses. Quando as cidades são mais pequenas, as pessoas juntam-se mais. A compaixão e a entreajuda são diferentes.”

Com um ano repleto de desafios pela frente, Rui Drumond garante que o seu objectivo continua o mesmo de sempre. “O meu lugar ao sol… Não enquanto lugar garantido, porque nada é garantido, mas com o meu lugarzinho ao sol na música portuguesa. E que esteja ano a ano a fazer aquilo de que realmente mais gosto, que é compor e dar concertos.” Uma vida dedicada à música, com um público que acompanhe o trabalho ano após ano, são as ambições do artista. “Sempre com uma estabilidade e uma estrutura estável. Uma editora, um vencimento, management e ideias para criar todos os anos… Que as pessoas sigam essas ideias e sigam o cantor até daqui a muitos anos.”

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Rita Alves dos Santos
Jornalista. Natural de Torres Vedras. Licenciada em Ciências da Cultura na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Pós-Graduada em Jornalismo Multiplataforma. Mestranda em Jornalismo da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

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